Os senadores Jaques Wagner (PT-BA) e Humberto Costa (PT-PE) apresentaram nesta sexta-feira (11) requerimento para que a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, dê detalhes do anunciado plano de reestruturação da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).
Os senadores citam matéria do dia publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo, na qual o presidente da Embrapa, Celso Moretti, estipula uma economia de R$ 320 milhões por ano, no médio e longo prazo, com o novo plano de gestão da autarquia, que incluiria redução de custos, inclusive com a terceirização de pessoal, e associação a empresas privadas para exploração de soluções desenvolvidas pelos pesquisadores do órgão. Para isso, segundo Moretti, a Embrapa contratou uma consultoria, a Falconi, que prepara o plano, batizado de “Embrapa Transforma”.
No ofício, os senadores pedem que a ministra, a quem se subordina a Embrapa, informe como e qual o objeto da contratação da Falconi e forneça cópia do edital que selecionou esta consultoria. Além disso, querem detalhes sobre a anunciada modernização, incluindo a forma como o órgão pretende resolver problemas apontados em relatórios internos, citados por Jaques e Humberto na justificativa do requerimento.
“[O plano] não cita a possibilidade de reposição de quadros e competências, não toca na recomposição orçamentária nem em sua modernização, tampouco estabelece estratégia e mecanismos para aproximação com as demandas da agricultura. Uma das grandes críticas de toda sociedade é o distanciamento da Embrapa das demandas concretas dos agricultores”, alertam os senadores, mencionando a diferença de tratamento dispensado pela Embrapa ao agronegócio, de um lado, e aos agricultores e comunidades tradicionais, de outro.
Denúncia
Há um problema extra, e muito importante, que os senadores querem ver esclarecido, na medida em que pode ter relação com esse episódio. Há duas semanas, uma denúncia na forma de artigo assinado por um grupo de 12 cientistas brasileiros renomados apontou que um agrônomo da Embrapa, Evaristo de Miranda, lidera uma equipe responsável pela criação de falsas controvérsias em pesquisas ambientais. Essas informações distorcidas, alertam os acadêmicos, acabam por induzir gestores públicos a tomarem decisões que causam retrocessos no meio ambiente no Brasil.
Jaques e Humberto lembram no requerimento à ministra que, após a publicação do artigo, lideranças do agronegócio correram em socorro ao agrônomo, considerado um “guro bolsonarista”. “Há que se questionar a motivação por trás de tamanha veemência na manifestação das entidades diante de um artigo científico”, estranham os senadores, que também pedem esclarecimentos sobre se entidades como Abramilho, Aprosoja, Abrapa, do agronegócio, além da Fiesp, Sebrae e outras listadas no requerimento ajudaram a pagar, direta ou indiretamente, a consultoria encomendada pela Embrapa.