governo da mentira

Finge que faz: lembre as obras roubadas por Bolsonaro

Enquanto destrói o país, Bolsonaro se apropria de projetos dos governos Lula e Dilma para fingir que faz algo. Na internet, fake news atribuem a ele obras feitas por outros governantes
Finge que faz: lembre as obras roubadas por Bolsonaro

Foto: Agência PT

Em março de 2019, no começo de seu mandato, Jair Bolsonaro deixou claro, durante um jantar nos Estados Unidos, que seu governo não construiria algo para o país. “Nós temos é que desconstruir muita coisa. Desfazer muita coisa”, disse, por incrível que pareça.

E assim fez. Seu governo de destruição cortou investimentos em infraestrutura, acabou com o Bolsa Família e as políticas de combate à fome, tirou recursos da educação e da saúde, esvaziou o Minha Casa Minha Vida e dificultou o acesso dos mais pobres à moradia, atacou universidades e a ciência, deixou centenas de milhares de brasileiros morrerem de Covid-19… A lista é imensa.

Na sua perversidade, porém, Bolsonaro não queria que a população percebesse que ele nada faz. Então, apelou à sua maior aliada: a mentira. E fez isso de duas maneiras. A primeira, aproveitando projetos iniciados nos governos anteriores (a maioria de Lula e Dilma) para aparecer na foto da inauguração. A outra, simplesmente jogando na internet um punhado de fake news, dizendo que determinada obra, feita por outro governante, é sua. A verdade, porém, é uma só: Bolsonaro foi o presidente que menos fez pelo Brasil.

Inaugurações mentirosas de Bolsonaro:

 

1. A vexaminosa lista de 2020

Este é um episódio que resume bem a estratégia de Bolsonaro de roubar obras alheias. Em agosto de 2020, o Palácio do Planalto divulgou uma lista de 33 inaugurações que ele faria no segundo semestre daquele ano.

A Folha de S. Paulo verificou a lista e constatou: “Das 33 obras que promete inaugurar no segundo semestre, 25 foram planejadas pelos petistas, 2 começaram a ser executadas no governo Michel Temer (MDB) e 6 saíram do papel no atual governo, sendo que algumas já eram discutidas nas gestões passadas”.

Na lista, havia 18 obras rodoviárias. Informou a Folha: “Apenas uma das 18 intervenções foi inteiramente conduzida pelo atual ministro da Infraestrutura (…). O restante fez parte do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), criado pelo governo do PT em 2007”.

2. A tentativa de se apropriar da transposição do Rio São Francisco

No fim de 2021 e no começo de 2022, Bolsonaro viajou ao Nordeste e posou para as câmeras como se tivesse alguma participação na mais importante obra já feita para combater a seca na região.

A transposição do Rio São Francisco era planejada desde os tempos de Don Pedro II, mas foi Lula quem conseguiu tirá-la do papel, cabendo a Dilma continuá-la. Nos governos do PT, 88% da obra foi paga e, segundo relatório da CGU, em 2017, 97,5% de toda a construção já estava feita.

Bolsonaro aproveitou um restinho que faltava inaugurar para fingir ser o pai da transposição. E ainda produziu montagens para distribuir na internet como se tivesse inaugurado trechos há muito tempo concluídos (veja imagem abaixo). Que vergonha…

3. O caso da obra hídrica sem água

Em outubro de 2021, Bolsonaro organizou uma cerimônia de inauguração do Ramal do Agreste em Sertânia (PE), cuja função seria levar água a 68 municípios pernambucanos. Seria. O problema é que, para funcionar, o ramal depende da Adutora do Agreste, obra que está parada porque o próprio Bolsonaro vetou, em abril passado, os recursos para concluí-la. Ou seja, inventou a transposição da seca.

4. A desfaçatez com o Minha Casa Minha Vida

Lançado por Lula em 2009, o Minha Casa Minha Vida foi o maior programa habitacional da história do Brasil. No fim de 2014, já no governo Dilma, 1,8 milhão de unidades residenciais tinham sido entregues e havia mais de 3 milhões já contratadas. Ou seja, muitas das casas planejadas e financiadas pelo governo Dilma só ficariam prontas anos depois.

Com isso, Bolsonaro conseguiu a proeza de, ao mesmo tempo, acabar com o programa e inaugurar casas, como se fossem um projeto dele. Fez isso, por exemplo: em maio de 2019, com 1.800 casas entregues em Petrolina (PE); em novembro de 2019, em Campina Grande, quando 4 mil casas foram concluídas; em agosto de 2021, na entrega de 500 casas em Manaus, e tantas outras vezes.

5. Inauguração de obras já inauguradas

Bolsonaro também inventou a inauguração de obras já inauguradas. Em maio de 2021, por exemplo, ele “inaugurou” o viaduto da PRF em Alagoas. Porém, a estrutura já está em funcionamento desde 23 de dezembro de 2020, quando foi entregue pelo governador Renan Filho (MDB-AL). A obra foi financiada com recursos transferidos pelos governos da presidenta Dilma Rousseff (PT) e de Michel Temer (R$ 77,4 milhões), em convênio com o governo de Alagoas (R$ 25 milhões).

6. Fake news atrás de fake news

Paralelamente às inaugurações fajutas, a máquina de fake news não para de inventar obras para Bolsonaro na internet. Basta uma pesquisa rápida nas agências de checagem de notícias para descobrir várias postagens que atribuem falsamente obras a ele.

Alguns exemplos:

– A ponte do Abunã, que liga o Acre a Rondônia, iniciada por Dilma e quase toda construída até 2018, foi apresentada como sendo obra só de Bolsonaro. O Estadão Verifica desmentiu.

– A recuperação de trecho da BR-163 que foi feita no governo Dilma apareceu como sendo um feito que Bolsonaro teria realizado nos primeiros sete meses de governo. O projeto Comprova contou a verdade.

– Um viaduto na BR-277, em Foz do Iguaçu (PR), inaugurado pelo governo do Paraná, também apareceu nas redes sociais como sendo uma realização de Bolsonaro. A Agência Lupa desmascarou a farsa.

– Em junho de 2021, a foto de uma rodovia em construção que seria obra de Bolsonaro passou a circular na internet. A foto estava editada. Os bolsonaristas tiraram da imagem o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin, que havia inaugurado a obra em 2015. A Folha de S. Paulo publicou as fotos (a original e a falsa), que você vê abaixo.

A foto divulgada pelos bolsonaristas. Crédito: Reprodução

A foto original, de 2015, com Geraldo Alckmin. Crédito: Reprodução/Facebook

 

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