O site de checagem Aos Fatos atualizou nesta semana seu levantamento das mentiras contadas por Jair Bolsonaro. De acordo com a publicação, em 1.170 dias como presidente, Bolsonaro deu 5.052 declarações falsas ou distorcidas. Todas elas podem ser conferidas na extensa – e bota extensa nisso! – reportagem.
Chama a atenção a contagem das mentiras mais repetidas por Bolsonaro. O Aos Fatos descobriu que o ex-capitão tem suas mentiras prediletas, que já contou dezenas de vezes. Reproduzimos abaixo a parte em que o site comenta as três falsidades que o atual presidente mais repete:
As 3 afirmações falsas mais repetidas por Bolsonaro
“Nós estamos há três anos e três meses sem corrupção.”
REPETIDA 185 VEZES. A declaração do presidente é FALSA, porque membros e ex-membros do seu governo são, atualmente, alvos de investigações e denúncias de casos de corrupção e outros delitos ligados à administração pública. O relatório da CPI da Covid-19 pediu o indiciamento do presidente Jair Bolsonaro e de seis ministros e ex-ministros por prevaricação, emprego irregular de verbas públicas, falsificação de documento particular, charlatanismo, crime contra a humanidade, crime de responsabilidade e epidemia com resultado de morte. Outros agentes do governo também foram indiciados por envolvimento em um suposto esquema para a compra da vacina indiana Covaxin. Além disso, atuais e antigos integrantes do governo são investigados pela PF (Polícia Federal) ou pelo Ministério Público por suspeitas de corrupção, como o ministro Ciro Nogueira (Casa Civil), Ricardo Salles, ex-titular do Meio Ambiente, Marcelo Álvaro Antônio, que comandou a pasta do Turismo, e Fabio Wajngarten, que chefiou a Secretaria de Comunicação Social.
“Porque o controle da pandemia não passou a ser mais meu: passou a ser de cada governador e cada prefeito. Eu não podia fazer mais nada a não ser mandar recursos para o pessoal.”
REPETIDA 123 VEZES. Bolsonaro repete o argumento enganoso de que o STF (Supremo Tribunal Federal) teria limitado a sua atuação durante a pandemia de Covid-19, o que é FALSO, porque a corte não eximiu a Presidência da República de atuar contra a disseminação da doença. O STF decidiu, na verdade, que prefeitos e governadores têm legitimidade para tomar medidas locais de restrição de circulação e que não cabe ao Poder Executivo Federal derrubar essas iniciativas. Segundo os ministros, o governo federal pode, sim, adotar medidas para conter a pandemia em casos de abrangência nacional, como fez ao determinar o fechamento de fronteiras terrestres. Ainda de acordo com o STF, seria função da Presidência, por exemplo, coordenar as diretrizes de isolamento a serem seguidas em todo o país. Os estados, por sua vez, não teriam legitimidade para fechar rodovias, prejudicando o abastecimento nacional. Em um dos julgamentos, o ministro Edson Fachin destacou que a ausência de legislação por parte do governo federal também obriga que os estados atuem localmente: “A União exerce a sua prerrogativa sempre, desde que veicule uma norma que organize essa cooperação federativa. No silêncio da legislação federal, estados e municípios têm presunção de atuação. Na ausência de manifestação legislativa, não se pode tolher o exercício da competência dos demais entes federativos”.
“Sempre falei: atacar o vírus, a doença, mas também atacar o desemprego. ”
REPETIDA 99 VEZES. De fato, desde o início, o presidente tem destacado que a pandemia traria dois problemas ao Brasil, um de saúde pública e um econômico, e que os dois deveriam ser tratados simultaneamente. Em levantamento feito nas redes, Aos Fatos encontrou declarações do tipo ao menos desde o dia 15 de março de 2020, data de uma entrevista à CNN Brasil. O presidente, porém, não tratou as duas questões com o mesmo peso, já que, desde o início da crise, tem minimizado os efeitos da Covid-19. Em diversas entrevistas e declarações públicas, Bolsonaro relacionou a doença a uma “gripezinha” e chegou a dizer, em discurso realizado no dia 18 de setembro de 2020, que o isolamento social seria “conversinha mole” e que as medidas de restrição de circulação seriam para “os fracos”. Durante a pandemia, o presidente também desrespeitou recomendações sanitárias ao causar aglomerações e circular sem equipamento de proteção e se posicionou contra as vacinas, única forma conhecida de atenuar os riscos da doença. A declaração, portanto, foi classificada como FALSA.