Funcionários de um armazém da Amazon em Nova York forçaram a gigante do e-commerce a reconhecer um sindicato pela primeira vez nos Estados Unidos. A vitória ganha ares emblemáticos porque a Amazon, segunda maior empregadora do país, vem lutando ferozmente contra a sindicalização.
A conquista dos trabalhadores ocorre na esteira do ressurgimento da organização sindical dos trabalhadores em plena era da economia 4.0. A votação histórica ocorreu na última sexta-feira (1º), nos escritórios do Brooklyn (NY) da National Labor Relations Board (NLRB), agência federal dedicada a garantir práticas trabalhistas justas e democracia no local de trabalho em todo o país. Com 55% dos votos a favor, os trabalhadores decidiram ingressar no recém-criado Sindicato dos Trabalhadores da Amazon.
O grupo é liderado pelo ex-funcionário da Amazon Chris Smalls, que conduziu atos de protesto contra as condições de segurança da empresa durante a pandemia. “Fizemos o que foi preciso para nos conectar com esses trabalhadores”, disse ele à multidão, relatando uma campanha contra as probabilidades que começou com “duas mesas, duas cadeiras e uma barraca” e teve campanha de arrecadação online.
“Espero que todos estejam prestando atenção agora, porque muitas pessoas duvidaram de nós”, finalizou Smalls, que trabalhou para a empresa por mais de quatro anos antes da demissão em 2020, após as mobilizações contra violações de quarentena cometidas pela Amazon. Ele e apoiadores fundaram o sindicato no ano passado, reivindicando salários mais altos, benefícios médicos mais fortes, políticas antidiscriminação e melhores licenças, entre outras mudanças.
A vitória por 2.654 a 2.131 votos legitima o sindicato a negociar um contrato com a Amazon para os 8.000 trabalhadores no armazém de Staten Island. A entidade também está por trás de uma segunda campanha sindical em um armazém menor no mesmo parque industrial, que deve ser votado ainda este mês. “Não há dúvida em minha mente que vamos ser bem sucedidos nisso também”, finalizou o líder sindical emergente.
Em comunicado, a Amazon disse estar decepcionada com a derrota e que está avaliando como proceder. Também acusou a NLRB de influenciar indevidamente a votação. “Acreditamos que ter um relacionamento direto com a empresa é o melhor para nossos funcionários”, afirmou a empresa, apelando ao recorrente discurso da “negociação direta” propalado pelas Big Techs que achata salários mundo afora.