Senadores elogiam lisura de Pimentel na relatoria da CPI da Petrobras

Pimentel: Plano de trabalho da comissão já tinha relação prévia de mais de 20 perguntas tornadas públicas em maioParlamentares da bancada petista no Senado se manifestaram nesta terça-feira (5), em Plenário, sobre as acusações da revista Veja do último final de semana. A reportagem da publicação baseia-se inteiramente em uma gravação que supostamente envolveria assessores e parlamentares na entrega antecipada de perguntas aos depoentes da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras no Senado.

Senadores elogiam lisura de Pimentel na relatoria da CPI da Petrobras

 

Em discurso, José Pimentel (PT-CE), relator da comissão e um dos principais alvos da reportagem, lembrou que o plano de trabalho já continha uma relação prévia de mais de 20 perguntas. Todas foram tornadas públicas no dia 14 de maio, quando foi criada a CPI – que investiga denúncias relacionadas à estatal entre 2005 e 2014, e estão disponíveis no site do Senado.

 

O vídeo que embasa a matéria, gravado no dia 21 de maio, um dia após o depoimento do ex-presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, mostra um diálogo entre funcionários da Petrobras, no qual se discute o envio das respostas de Gabrielli para a presidente da empresa, Graça Foster. Segundo o senador Pimentel, o repasse foi o registro do depoimento de Gabrielli na véspera.

 

Pimentel também frisou que os assessores da CPI jamais elaboraram qualquer questionamento com sua respectiva resposta. “Chegamos a produzir até 130 perguntas por depoente, mas nunca o fizemos acompanhado por respostas. Considero qualquer afirmação ou insinuação neste sentido leviana e irresponsável”.

 

O senador Walter Pinheiro (PT-BA), em aparte, questionou se dados sigilosos da CPI haviam sido vazados. Pimentel respondeu afirmando que não tem conhecimento de qualquer tipo de vazamento de documentos mantidos sob sigilo que se encontram na CPI.  O mesmo não acontece na CPI Mista que, na sessão de amanhã, deverá receber um requerimento pedindo investigação sobre quebra de sigilo de documentos que estão sob a guarda da comissão parlamentar de inquérito.

 

A respeito da repetição de indagações durante as audições, o parlamentar disse que levou em consideração o material resultante da participação dos executivos da Petrobras em recentes audiências públicas realizadas no Congresso Nacional. Destacou, inclusive, ter dado prioridade aos questionamentos já formuladas pela oposição nesses encontros. “É claro que se a oposição, que pediu a CPI, estivesse efetivamente participando das oitivas, poderia fazer novas perguntas, questionar à sua maneira os depoentes”, afirmou.

 

Para que todas as dúvidas sejam esclarecidas, o senador pediu investigação imediata sobre as ilações da revista Veja. Pimentel também pediu ao presidente da CPI, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), que solicite ao diretor de Redação da Veja, Eurípedes Alcântara, a íntegra do vídeo que deu origem à matéria A Grande Farsa, sob o compromisso de preservação de sigilo, para contribuir com o trabalho de apuração às acusações.

 

Bancada se manifesta

Vários senadores do PT – e também de outros partidos – pediram a palavra para estender solidariedade a Pimentel.

 

Pelo PT, o primeiro a falar foi o senador Paulo Paim (RS), que afirmou que o Senado recebeu todos os dados necessários para que não fique dúvida quanto à seriedade do trabalho de Pimentel como relator. Segundo Paim, o parlamentar cearense jamais “daria um escorregão para o campo de qualquer tipo de ilegalidade”.

 

A senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) lamentou que a CPI Mista da Petrobras tenha rejeitado a sugestão de Pimentel de antecipar a apuração de fatos como, por exemplo, a investigação da compra de uma refinaria em San Lorenzo, na Argentina, em outubro de 2002, por R$ 1 bilhão. “Mesmo depois de ter havido investimentos de cerca de R$80 milhões por parte da Petrobras, foi vendida por R$100 milhões. Por que não deixaram San Lorenzo entrar também nessa discussão?”, questionou Hoffmann.

 

Em outro aparte, a senadora Ana Rita (PT-ES) considera que denúncias sem comprovação, feitas por um veículo de comunicação no período eleitoral, não são dignas de serem consideradas legítimas. “A revista Veja afirma que o depoimento, que a situação, foi gravada em 21 de maio, ou seja, alguns dias após a aprovação do plano de trabalho. Por que será que essa situação, que essa denúncia, que esses fatos, só vieram à tona agora no mês de agosto? Por que isso não veio à tona ainda lá em maio ou, no máximo, no mês de junho? Fica muito claro qual é o objetivo. É um objetivo político, um objetivo eleitoreiro de queimar, de tentar denegrir a imagem da Presidenta da República e também de atacar o Partido dos trabalhadores”.

 

Para o senador Eduardo Suplicy (PT-SP), os parlamentares de oposição poderiam ter feito perguntas durante a CPI que considerassem pertinentes, mas preferiram não participar. “Ausentaram-se da Comissão Parlamentar de Inquérito, aquela, inclusive, cuja existência haviam solicitado ao Supremo Tribunal Federal que fosse assegurada”.

 

O senador Humberto Costa (PT-PE) afirmou que Pimentel não cometeu nenhuma irregularidade, “até porque nenhum crime aconteceu”. “O que estamos questionando é alguém querer transformar algo inerente à atividade parlamentar, ao funcionamento das comissões, que é o relacionamento entre o Parlamento, as assessorias e outras instituições. Isto nós não podemos aceitar de forma alguma”, disse o parlamentar, refutando as acusações de veículos de imprensa e da oposição quanto à lisura dos trabalhos da comissão no Senado.

 

Já o senador Jorge Viana (PT-AC) questionou a suposta edição do vídeo com o diálogo entre funcionários da Petrobras utilizado pela revista. “Edita-se isso, faz-se uma fantasia em volta disso e diz que se está preparando um gabarito, as perguntas e respostas na CPI em que vossa excelência é relator. Acho que é muito grave esse tipo de situação, porque é uma tentativa de se interferir no processo eleitoral usando um veículo de comunicação importante como a revista Veja. Isso é inadmissível”.

 

Carlos Mota

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