No evento, especialistas defenderam que as recentes evoluções tecnológicas, como a banda Ka, permitirão uma maior exploração dos recursos satelitais para atender, em prazo razoável, às áreas rurais e às localidades mais isoladas do país.
O senador Aníbal Diniz (PT-AC), membro da Comissão de Ciência e Tecnologia do Senado (CCT), ressaltou que uma conexão de Internet pode custar, hoje, mais de R$ 2 mil por mês em localidades do Acre, por exemplo. “Naturalmente, esse preço inviabiliza o uso da banda larga por seus moradores, que perdem também pela falta de acesso à informação, à cultura, à educação e à saúde”, disse. Segundo participantes do encontro, com os satélites operando em banda Ka seria possível levar Internet diretamente aos domicílios dos consumidores por cerca de R$ 200 mensais.
Aníbal Diniz é relator de proposição na CCT para avaliar o Programa Nacional de Banda Larga (PNBL), criado para tornar a Internet acessível em todas as regiões do Brasil.
Para ele, o uso de satélites e a banda Ka vão permitir resultados mais expressivos no programa. No entanto, apontou os desafios para o crescimento do mercado brasileiro. “Problemas de ordem regulatória e a injusta estrutura tributária, além dos anacrônicos procedimentos de licenciamento de estações, são alguns dos gargalos que, no mínimo, burocratizam a atividade do setor, gerando menos eficiência e dificultando uma atuação e investimentos mais agressivos”, disse.
Mercado – O 14º Congresso Latino-Americano de Satélites apontou ainda que no Brasil, assim em todo o mundo, é crescente o uso de satélites para televisão. “A alta definição exige cada vez mais bandas de satélite. Logo mais você vai ter a ultra-alta definição 4K, que vai exigir mais banda ainda; tem o crescimento do acesso à banda larga, e você só consegue chegar a regiões remotas via satélite”, afirmou o presidente do evento, Rubens Glasberg.
A tecnologia ultra high definition (UHDTV) 4K, usada em televisão e cinema digital, contém quatro vezes mais pontos na tela do que o padrão Full HD, mais recente.
Segundo Glasberg, o Brasil é hoje alvo da atenção dos grandes operadores e fabricantes internacionais de equipamentos, tanto satélites como equipamentos de terra, além de fornecedores de serviços de todos os tipos. O investimentos na área de satélites são de longo prazo e o investidor da área “projeta o Brasil para a frente, e vê muitas oportunidades”. “Não são investimentos para um ou dois anos. Um satélite dura 15 anos. Para projetar e construir, leva cinco [anos]. É um negócio de 15 anos”, disse.
Já a presidente do grupo semiestatal espanhol Hispasat, Elena Pisonero Ruiz, avaliou, nesta sexta, que “o mercado brasileiro (de satélite) é o mais atrativo do mundo”. Em maio, a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) licitou quatro direitos de exploração de satélites por R$ 153,15 milhões. A Hispamar Satélites, controlada pelo Hispasat, ficou com o primeiro direito de exploração de satélite licitado, por R$ 65 milhões de reais.
Foi destacado, ainda, no evento, o desenvolvimento, em curso, de um satélite geoestacionário de comunicação e defesa, em parceria do Brasil com outros países. Segundo estimativas, o Satélite Brasileiro de Defesa e Comunicação deverá estar pronto em 2016 e permitirá a transferência de tecnologia aeroespacial da empresa Thales Alenia para a Agência Espacial Brasileira (AEB)”.
Assessoria do senador Aníbal Diniz