Durante o governo Bolsonaro, o Brasil passou por um processo de degradação acelerado. O resultado é que, hoje, 50,3% das cidades brasileiras possuem mais beneficiários do Auxílio Brasil do que trabalhadores. O número foi obtido a partir de levantamento realizado pelo jornal Folha de São Paulo com dados de junho do Ministério da Cidadania e da Secretaria Especial do Trabalho. De 5.426 cidades analisadas, 2.728 se encontram nessa situação. Na origem do fenômeno estão a queda na renda média do trabalhador e a falta de oportunidades de emprego.
A precarização das relações trabalhistas propiciada pela “reforma” de Michel Temer se agrava em três anos e meio de Bolsonaro e em 2022 chega ao ápice, com desemprego, inflação e juros na casa dos dois dígitos.
“Cenário é tão caótico que o número de famílias do Auxílio Brasil é maior que o de empregados com carteira em metade das cidades do país. E o programa ainda deixou de fora 8 milhões que vivem na pobreza. É retrato da falta de oportunidade e do governo do descaso com quem precisa”, comentou a presidenta nacional do PT, deputada federal Gleisi Hoffmann (PR), em postagem no Twitter.
Apenas 65 grandes municípios do país concentram metade dos empregos formais, enquanto abrigam, juntos, um terço da população nacional. Isso faz com que, entre as 326 cidades com 100 mil habitantes ou mais, apenas 48 possuam menos celetistas que famílias beneficiadas (14,7%).
É o caso de Nova Iguaçu e Belford Roxo, ambos na Baixada Fluminense (RJ). A primeira, com 825 mil habitantes, fechou o primeiro semestre com 83,2 mil trabalhadores empregados formalmente e 114,4 mil famílias beneficiadas pelo Auxílio Brasil. Na segunda, com 515 mil habitantes, a proporção era de três famílias atendidas pelo programa (67,6 mil) para cada habitante formalmente ocupado (21,2 mil).