A comissão do Senado que acompanha a grave situação sanitária do povo Yanomami em Roraima aprovou, nesta quarta-feira (8), o plano de trabalho do colegiado. Durante a reunião, parlamentares governistas concordaram com análise da situação dos trabalhadores da região, mas rechaçaram qualquer tentativa de retorno do garimpo ilegal.
O plano prevê duas viagens ao estado para ouvir a população afetada pela crise humanitária e autoridades locais. As diligências incluem visitas ao Hospital de Campanha de Surucucu, à Casa de Saúde Indígena e ao Hospital da Criança de Boa Vista para identificar os principais problemas sociais, de saúde pública e ambientais.
O trabalho contará até mesmo com documentação em vídeo da situação em Roraima pela TV Senado. O pedido foi feito pelo senador Humberto Costa (PT-PE), que pretende mostrar à sociedade brasileira a delicada questão tanto dos trabalhadores quanto dos povos indígenas, que sofrem com doenças, desnutrição e mortes após a chegada do garimpo ilegal.
“Nossa intenção é a de contribuir para a geração de documentação visual isenta e de boa compreensão pela sociedade, brasileira e internacional, ao mesmo tempo em que se evidencia o compromisso do Senado Federal com uma solução ampla para o problema, buscando atender todas as urgentes demandas criadas pela situação local”, justificou Humberto.
A proposta ainda prevê que a comissão externa do Senado realizará audiências públicas para debater a situação dos indígenas, representantes dos garimpeiros e representantes do governo federal – entre eles, integrantes dos ministérios dos Povos Indígenas; Direitos Humanos; Saúde; Meio Ambiente; Justiça e Segurança Pública; Minas e Energia e Defesa.
Sem garimpo
Durante a votação da proposta de trabalho da comissão, senadoras governistas rechaçaram qualquer tentativa de retorno do garimpo ilegal à região.
“Não podemos negar a ausência do estado. Sei que há garimpeiros ali que estão ganhando o pão de cada dia. […] Vamos analisar saída para esses trabalhadores, mas com certeza não será o retorno do garimpo ilegal às terras indígenas. O que temos de real é a morte de muitos indígenas. A pior morte é aquela lenta pela fome. Isso é pior do que qualquer tortura”, criticou a senadora Zenaide Maia (PSD-RN).
Já a senadora Eliziane Gama (PSD-MA) destacou que a atividade de garimpo gera contaminação ao longo do leito do reio e impacta diretamente a vida do povo Yanomami. “Resultado que temos hoje é aquela situação grave. É isso que estamos rechaçando aqui”, disse.
A comissão temporária foi criada para acompanhar a situação dos indígenas e a saída dos garimpeiros de suas terras. O prazo de funcionamento é de 120 dias. Criada inicialmente com cinco membros, a comissão teve o número de integrantes aumentado para oito.