Enquanto foi presidente, Bolsonaro trabalhou o quanto pôde contra a ciência e as recomendações sanitárias da Organização Mundial da Saúde (OMS) no enfrentamento à pandemia. Sua negligência no governo custou caro ao país, que perdeu mais de 690 mil pessoas para a doença. Agora, seu desprezo pela saúde dos brasileiros e incompetência administrativa ficam demonstrados mais uma vez: sob a gestão do ministro Marcelo Queiroga, a pasta deixou vencer 38,9 milhões de doses de vacinas contra a Covid-19, causando um prejuízo de R$ 2 bilhões aos cofres públicos.
O total engloba os lotes já vencidos e incinerados pelo governo Bolsonaro, como os 2 milhões de imunizantes perdidos em 2021 e os 9,9 milhões que venceram no ano passado. Já em janeiro, quando assumiu à frente da Saúde a ministra Nísia Trindade, nomeada pelo presidente Lula, 27,1 milhões perderam a validade.
“A gente pegou um governo com estoque de vacinas vencidas e para vencer, enquanto aquelas que precisávamos não tinham estoque”, declarou a secretária de Vigilância em Saúde do governo Lula, Ethel Maciel, à Folha de S. Paulo. “Não havia nem contrato [encomendando as doses] no caso das vacinas pediátricas e bivalentes”, lamentou Maciel.
A omissão criminosa do desgoverno Bolsonaro foi confirmada pela pasta chefiada por Trindade: “A atual gestão do Ministério da Saúde se deparou com um cenário de 27,1 milhões de doses de vacinas contra Covid-19 sem tempo hábil para distribuição e uso”, informou o ministério, em nota.
“Se não fosse o negacionismo, essas doses não estariam nos estoques. Se tivesse acontecido um esforço, como estamos fazendo agora, com campanhas educativas, alinhamento com gestores municipais e estaduais, essas vacinas não teriam vencido”, criticou Ethel Maciel.
Procurado pela reportagem da Folha, o negacionista Queiroga assumiu a culpa de sua gestão desastrosa, confessando ao jornal que “seus secretários eram os responsáveis pelo controle dos estoques”.
Leia mais: