Moradores de áreas metropolitanas gastam uma hora para ir ao trabalho

Moradores de áreas metropolitanas gastam uma hora para ir ao trabalho

A mobilidade urbana está entre os pactos anunciados pela presidenta Dilma. Além de desonerar as tarifas de ônibus, ela destinou R$ 50 bilhões para investimento na área.

Estudo do Ipea revela que entre as pessoas
com renda per capita de meio a um salário
mínimo, 17% passam mais de uma hora no
deslocamento casa/trabalho
(www.iabrj.org.br)

Apesar de ter melhorado a renda e aumentado a posse de veículos automotores, a população pobre ainda enfrenta os maiores problemas de mobilidade urbana nas grandes cidades brasileiras. É o que revela o estudo divulgado nesta quinta-feira (24) pelo Instituto Nacional de Pesquisa Econômica Aplicada sobre dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD/IBGE) 2012.

A análise feita pelo IPEA sobre dados relativos a deslocamentos casa/trabalho, posse de veículos automotores e acesso à política de auxílio-transporte levantados pela PNAD está no Comunicado nº 161 – Indicadores de mobilidade urbana revela

Aproximadamente 20% dos trabalhadores das regiões metropolitanas brasileiras gastam mais de uma hora por dia no deslocamento de casa para o local de trabalho. O estudo indica que a situação vem piorando, uma vez que 20 anos antes os trabalhadores das regiões metropolitanas que enfrentavam esse tipo de situação correspondiam a 14,6%. Considerando o conjunto de trabalhadores brasileiros, 10% levam mais de uma hora nesse trajeto e 65,9% gastam menos de meia hora. Em razão do tamanho e da complexidade dos sistemas de mobilidade urbana, o Rio de Janeiro (24,7%) e São Paulo (23,5%) apresentam os maiores percentuais de trabalhadores que perdem mais tempo no percurso.

Segundo o estudo, entre as pessoas com renda per capita de meio a um salário mínimo, 17% passam mais de uma hora no deslocamento casa/trabalho. Essa proporção é seis pontos percentuais superior à registrada nas famílias mais ricas (acima de cinco salários mínimos).

Os extremamente pobres (renda de até um quarto do salário mínimo), por outro lado, passam, em média, tempo menor presos em engarrafamentos (58% gastam menos de 30 minutos). Essa situação, porém, reflete a falta de condições de mobilidade desse estrato da população, que se vê obrigado a trabalhar em locais próximos de casa por não poder pagar os custos do transporte público.

Prioridade governamental e pacto

A melhoria da mobilidade urbana é o objetivo de um dos pactos propostos ao País pela presidenta Dilma Rousseff, em resposta às mobilizações de rua do último mês de junho. Em uma década de governos petistas, foram disponibilizados R$ 21,6 bilhões em projetos de melhoria do trânsito e, desde a definição do pacto, vêm sendo liberados recursos para que as cidades enfrentem a questão, de um total de R$ 50 bilhões anunciados pela presidenta.

São verbas do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) para novos investimentos em mobilidade urbana em todo o País. Além das capitais e cidades-sede da Copa do Mundo de 2014, também serão contempladas zonas metropolitanas de até 700 mil habitantes pelo PAC Mobilidade Cidades Médias e grandes zonas metropolitanas através do PAC Mobilidade Grandes Cidades, ambos ainda em fase de contratação e elaboração dos projetos. Até o momento, não houve inaugurações de obras nestes programas.

Padrão de mobilidade
O Comunicado do IPEA afirma que “o padrão de mobilidade urbana no Brasil vem se alterando nos últimos anos com o aumento acelerado da taxa de motorização da população, o que significa mais acidentes de trânsito, maior poluição veicular e perda de tempo em função dos congestionamentos nos centros urbanos”.

Entre 2008 e 2012, a proporção de domicílios com algum tipo de veículo privado saltou oito pontos percentuais. Atualmente 54% dos lares brasileiros têm na garagem um carro e/ou moto. Como resultado do maior número de veículos nas ruas, o tempo médio gasto para chegar ao trabalho pelos habitantes das regiões metropolitanas atingiu 40,8 minutos – a média, no Brasil, é 30,2 minutos.

As capitais do Norte e Nordeste tiveram as pioras mais significativas nas condições de tráfego. Belém, Salvador e Recife apresentaram, entre 1992 e 2012, taxas de crescimento do tempo de viagem de 35%, 27,1% e 17,8%, respectivamente. 

Auxílio-transporte
Outra constatação do estudo do Ipea foi a ineficácia das políticas de auxílio-transporte para as camadas pobres. De acordo com a PNAD, apenas 11% das pessoas extremante pobres recebem vale-transporte. “As classes baixas têm os maiores percentuais de informalidade no trabalho, de forma que a política do vale-transporte não atinge justamente quem mais precisa”, ressalta o texto.

O Comunicado conclui ser inevitável a tendência de aumento na taxa de motorização da população, especialmente com a contínua melhora na renda dos trabalhadores, o que gerará impactos sobre as condições de mobilidade e exigirá investimentos vultosos por parte dos governos em melhoria da infraestrutura de mobilidade nas próximas décadas.

Veja os gráficos da apresentação do Comunicado nº 161

Leia o Comunicado nº 161 – Indicadores de mobilidade urbana da PNAD

 

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