Ministro participou de audiência pública
“As pessoas tem que ter fatos e tem que falar do que está acontecendo. Se você acha que tem o direito de fazer ilações, qualquer pessoa pode fazer ilações e prejudicar qualquer um”, afirmou o ministro Paulo Bernardo (das Comunicações), em audiência pública a Comissão de Ciência (CCT) e Tecnologia na manhã desta terça-feira (31/08), após apresentar, mais uma vez, defesa sobre algumas denúncias veiculadas na imprensa.
O ministro teve o nome envolvido em dois episódios de destaque. No ápice do escândalo nos Ministérios dos Transportes, que resultou na queda do então ministro Alfredo Nascimento e de importantes gestores dentro do órgão, Bernardo foi acusado de apadrinhar obras do Dnit dentro do Paraná. Outra suspeita que recaiu sobre ele nos últimos dias foi a possibilidade de ter viajado em jato de uma empreiteira responsável por obras públicas e que financiou a campanha da esposa Gleisi Hoffmann (eleita senadora no ano passado e atual ministra-chefe da Casa-Civil).
Ilações
A bancada do PT no Senado presente à audiência defendeu as explicações dadas por Paulo Bernardo e reclamou das ilações levantadas sobre o ministro
“O pior é quando as pessoas tratam dessas coisas e quando tem a oportunidade de frente a frente questionar, as pessoas preferem levantar a lebre e depois continuar fazendo essas ‘opilações’ por aí a fora”, destacou Walter Pinheiro (PT-BA).
“Ao mesmo tempo que existem aqueles convictos de que a ilação conduz a política. Existe uma bancada que muito firme no sentido de que tem uma agenda maior de Brasil acontecendo. E essa agenda que está fazendo com que a gente, de cabeça erguida, faça a defesa desse governo. Apesar de todas as situações das quais estamos sendo vítimas, porque hoje cada um que diz não na assinatura de uma CPI é taxado de todo tipo de adjetivo”, desabafou Anibal Diniz (PT-AC).
“É preciso separa as denúncias que realmente visam o interesse público daquelas que visam denegrir a imagem, colocar em dúvida a honestidade e a postura ética das pessoas”, concluiu Ângela Portela (PT-RR).
Explicações
Inicialmente, Paulo Bernardo afirmou que dentro dos seis anos em que esteve à frente da pasta do Planejamento – no Governo Lula –, jamais foi a um ministério pedir a liberação de uma obra. Ele explicou que no caso da rodovia que faz o Contorno Norte de Maringá (PR), uma emenda de bancada de 2007 é que teria incitado a obra, que mais tarde foi colocada dentro do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) após estudos técnicos e pressão da bancada paranaense.
“Incluir no PAC era a única forma que nós tínhamos de abrir espaço orçamentário para fazer uma obra como essa”, disse.
Em seguida, o ministro esclareceu que no ano passado acompanhou a esposa várias vezes durante a campanha, mas que nenhuma vez viajaram em um jato, porque o custo do aluguel chegava a ser oito vezes superior.
“Eu andei por diversas vezes em aviões, não sei os prefixos nem que eram os donos, até porque uma empresa de táxi aéreo não precisa de ter avião, ela só precisa ter alguém que ceda o avião, alguém que tenha licença da Anac [Agência Nacional de Aviação Civil] para fazer isso. Então, objetivamente, eu não tenho nenhuma lembrança de ter andado nesse avião”, argumentou Bernardo ao responder a indagação do senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP).
O ministro das Comunicações ainda autorizou a Anac a ceder qualquer informação sobre o uso do jatinho citado na reportagem.
Reação dos senadores
A vinda do ministro ao Senado foi inicialmente requerida para discutir as metas e indicadores do Plano Nacional de Banda Larga (PNLB, programa do Governo Federal destinado a ampliar o acesso a internet rápida em todo País). Mas o senador Aloysio Nunes pediu inversão da pauta para que Bernardo prestasse os esclarecimentos.
Ao final das explicações do ministro, Nunes sinalizou que estava satisfeito com o que foi dito pelo ministro e que estava apenas cumprindo seu papel como oposição. Função que o Paulo Bernardo reconheceu como importante.
O senador Cyro Miranda (PSDB-GO) indagou o ministro se era verdade a história de que ele teria liberado recursos para obras da empreiteira Sanches Tripoloni, mesmo o Tribunal de Contas da União (TCU) tendo sinalizado que ela era “inidônea”. O ministro afirmou que isso é impossível, porque o sistema do Executivo não libera a verba.
“Com certeza esse problema já tinha sido resolvido quando essa liberação foi feita”, respondeu.
Os membros da base parabenizaram o ministro pela forma como conduziu as respostas as denúncias e manifestaram solidariedade.
“O ministro com transparência, com ética mostrou porque ele faz parte desse governo a tanto tempo”, disse Marcelo Crivella (PRB-RJ).
Catharine Rocha
Fonte: Assessoria de Imprensa da Liderança do PT no Senado