A definição de desastre disponível nos principais dicionários modernos define com rara precisão o Brasil governado por Jair Bolsonaro: acontecimento que causa sofrimento e grande prejuízo (físico, moral, material, emocional); desgraça. Fracasso completo; grande revés; ruína. Afinal, qual outro atributo poderia servir tão bem a um presidente que, segundo a nova pesquisa Ibope, já é rejeitado por metade do povo brasileiro em menos de 10 meses no comando?
Para quem tem acompanhado estarrecido o esfacelamento das instituições públicas, a retirada sistemática de direitos e a inconsequente postura do representante da extrema-direita para tratar de assuntos como as queimadas na Amazônia ou os cortes na educação, os números do levantamento que foi divulgado nesta quarta (25) não chegaram a causar espanto.
Diante de tamanho retrocesso, era de se esperar que a pesquisa apontasse nova queda na popularidade de Bolsonaro: 50% não aprovam o seu governo (eram 40% em abril e 48% em junho). A avaliação negativa (ruim e péssimo), por sua vez, subiu de 27% em abril para 32% em junho e em setembro chegou a 34%. A avaliação positiva (ótimo e bom) não subiu nenhuma vez desde o início da nova gestão e agora está em 31% – era de 35% em abril, caiu para 32% em junho.
A confiança em Bolsonaro, capitaneada pelas falsas promessas de tirar o Brasil da crise durante a campanha eleitoral, também só afunda ladeira abaixo: hoje 42% dos entrevistados ainda acreditam em seu governo. Em abril, esse percentual era de 51% e, em junho, já havia caído para 46%. Do outro lado, os que não confiam no governo também marcam um novo recorde negativo: segundo o Ibope, 55% disseram “não confiar” em Bolsonaro (eram 45% em abril e 51% em junho).