O IBGE divulgou no dia 10 os resultados da inflação, medida pelo IPCA, para o ano de 2024. Na véspera, aparentemente interrompendo um ciclo de valorização acentuada do dólar, por várias razões, incluindo ações especulativas coordenadas, a moeda americana apresentou redução drástica. Uma vez mais contrariando as projeções apocalípticas do mercado, o resultado fiscal de 2024 do governo federal apresentou uma melhora significativa em relação ao ano anterior (-1.41% do PIB contra 2.14% em 2023). Considere-se, ainda, que para o desespero daqueles que torcem e agem contra o Brasil, o crescimento da economia em 2024 poderá chegar a 3.6%.
Nesse contexto, que tende a se firmar e mesmo melhorar com a pose de Galípolo na presidência do Banco Central, o IBGE anunciou que a taxa dessazonalizada do IPCA no Brasil, foi de 4.83%; valor pouco acima da taxa de 2023, de 4,62% e, igualmente, um pouco acima do teto da meta de inflação estipulado em 4.50%.
Assim, temos um aumento discreto da inflação; nada que sugira descontrole, mas um efeito provável do dinamismo da economia e a desequilíbrios em grupos específicos de produtos. A propósito, não são poucos os economistas de matizes políticas diversas que consideram irrealista para as particularidades da economia brasileira, a ‘meta de inflação’ no patamar atual.
Em especial, os grupos que pressionaram a inflação foram ‘transporte’ e ‘alimentação no domicílio’, que inegavelmente constituem grupos de elevadíssima sensibilidade política e que, de fato, precisam de ações efetivas para equilibrar os respectivos preços.
Quanto à alimentação no domicílio, o IPCA dessazonalizado em 2024 foi de 8.22%, portanto, quase duas vezes maior que o IPCA Geral. Mais preocupante porque em 2023 a inflação da ‘comida em casa’ foi negativa (-0.52%), o que provocou forte impacto especialmente nas populações da base da pirâmide de renda. Entre os 30 produtos com as maiores altas nos respectivos preços em 2024, somente 4 não são alimentos.
O que também chama a atenção nos dados do IBGE é que entre os alimentos essenciais com os maiores incrementos nos preços, estão alguns dos quais o Brasil é o maior produtor e exportador mundial dos produtos ou matérias primas. São os casos do café moído cuja inflação no ano foi de 39.6%; do óleo de soja com IPCA de 29.2%, além de vários tipos de carnes que apresentaram explosão nos preços em 2024, a exemplo do acém (25.2%); patinho (24.1%); pá (22.9%); lagarto (22.8%); etc.
Na região metropolitana de Belém a taxa de inflação em 2024 foi um pouco menor que a taxa nacional (4.7%). Porém, o IPCA da inflação no domicílio foi de 8.87%¨, portanto, acima da média nacional.
No geral, os alimentos com as maiores taxas de inflação na RM de Belém foram os mesmos observados a nível nacional.
No entanto, aspecto que chama a atenção é a manutenção da inflação da hospedagem como reflexo inegável da aproximação da COP 30. Em 2024 o IPCA desse item foi de 24.6%, ou seja, mais de 5 vezes a taxa do IPCA geral na RM de Belém.
Também digno de nota é a continuidade da elevada taxa do IPCA do açaí que alcançou 23.9% em 2024, e assim, seguindo o processo de transformação da natureza do produto. De alimento básico da dieta das camadas mais pobres do nosso estado, o açaí vem sendo transformado em alimento do consumo das classes mais abastadas. Entendo que os governos do estado e federal devem pensar em ações comuns para resgatar o consumo de massa do açaí. De todo modo, com as ressalvas pontuais feitas, tanto no Brasil como na RM de Belém o processo inflacionário se mantém sob controle absoluto e preserva a renda do nosso povo. Quem continuar tentando sabotar a economia do Brasil vai continuar perdendo.