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Dias: “Vamos chegar ao Natal com muito mais brasileiros garantindo comida todos os dias”
Em entrevista ao Café PT nesta segunda-feira (18/8), o ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, Wellington Dias, destacou novamente a retirada do Brasil, pela segunda vez, do Mapa da Fome da Organização das Nações Unidas (ONU) e anunciou novos caminhos como inclusão produtiva e exportação solidária por meio do programa Acredita.
Ele lembrou que, ao assumir o cargo em janeiro de 2023, o país enfrentava retrocessos econômicos e sociais do governo Bolsonaro, com 33 milhões de pessoas em insegurança alimentar grave.
“Recebemos um Brasil crescendo como rabo de cavalo, para baixo, com aumento da pobreza e da fome, mesmo sendo o quarto maior produtor de alimentos do mundo”, afirmou.
Segundo o ministro, a inclusão dos mais pobres no orçamento, com programas como Bolsa Família, Benefício de Prestação Continuada (BPC), alimentação escolar e o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), foi decisiva para a virada.
Dias destacou que, entre 2023 e 2024, 29,4 milhões de pessoas saíram da fome, resultado que levou o país a alcançar 2,4% da população em insegurança alimentar grave no triênio 2022-2024, índice inferior ao limite de 2,5% considerado pela ONU.
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Inclusão produtiva
O ministro enfatizou que superar a fome requer mais do que transferência de renda. Ressaltou que é preciso criar condições para que as famílias ascendam socialmente.
Nesse sentido, o programa Acredita do governo Lula tem desempenhado papel central ao articular 24 ministérios, estados, municípios, setor privado e entidades sociais em ações de qualificação profissional e estímulo ao empreendedorismo.
De acordo com Dias, 17,5 milhões de pessoas do Cadastro Único e do Bolsa Família já conseguiram emprego formal, muitas delas mantendo parte do benefício até consolidar renda suficiente.
“Mudamos a lógica: antes havia medo de assinar a carteira. Hoje, a lei garante que a família continue recebendo o Bolsa Família até alcançar renda adequada”, explicou.
O Acredita também fomenta pequenos negócios, com mais de R$ 10 bilhões liberados em cerca de 700 mil financiamentos de atividades produtivas como agricultura familiar, comércio e serviços.
“Já temos mais de 9 milhões de pequenos negócios no Brasil, e mais de 5 milhões deles são de famílias do Bolsa Família ou do Cadastro Único”, destacou.
Novos caminhos e exportação solidária
Dias adiantou que o programa passa por expansão, com a modalidade Acredita Exportação, que permitirá a pequenos empreendedores acesso ao mercado internacional.
“Queremos que o mel produzido pelo agricultor familiar ou o artesanato de qualidade cheguem ao exterior, com apoio da Apex, do cooperativismo e da economia solidária”, disse.
Ele ressaltou ainda que o crescimento econômico recente tem sido puxado pela população de baixa renda. “Dos novos empregos gerados em 2024, 98,8% foram ocupados por beneficiários do Bolsa Família e do Cadastro Único, segundo o Caged”.
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População em situação de rua
Mesmo com os avanços, o ministro reconheceu que persistem problemas estruturais, em especial a situação da população em situação de rua.
Para enfrentar essa realidade, o governo Lula lançou o Plano Rua Visível, que inclui cofinanciamento a municípios, programas de aluguel social, prioridade em 60 mil moradias do Minha Casa, Minha Vida (MCMV) e ações de reintegração social, com apoio em saúde, dependência química e reinserção no mercado de trabalho.
“Não basta oferecer passagem para voltar à cidade natal. É preciso garantir receptivo, moradia, encaminhamento para emprego. Só assim evitamos que a pessoa volte às ruas”, afirmou.
Durante a entrevista, Wellington Dias também compartilhou exemplos de transformação social viabilizados pelas políticas públicas.
Entre eles, o de uma mulher em Sergipe que, com apoio do Acredita e do Banco do Nordeste, passou de vendedora ambulante a proprietária de três lojas de artesanato, hoje empregando seis pessoas.
Outro caso citado foi o de João, jovem de Heliópolis (SP) que enfrentou dependência química e situação de rua. Com apoio de uma cozinha solidária e curso de gastronomia, conseguiu emprego em um restaurante renomado de São Paulo e hoje é professor.
“Essas histórias mostram que as pessoas precisam apenas de oportunidade”, destacou.
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Perspectivas para 2025
O ministro afirmou que 2025 deverá consolidar os resultados positivos do governo Lula no combate à fome no país. No primeiro semestre, cerca de 1,7 milhão de pessoas já deixaram a situação de fome, e mais de 1 milhão de famílias superaram a pobreza em julho, saindo do Bolsa Família graças ao trabalho formal.
Segundo Wellington Dias, o avanço deve ser ainda mais expressivo até o fim do ano.
“Pode acreditar, vai ser um ano ainda melhor, chegar ali no Natal com muito mais brasileiros podendo, não é, não só no Natal, mas todos os dias do ano garantir alimentação adequada para si e para sua família”, declarou.
Ao final da entrevista, Dias reforçou o compromisso do governo Lula em manter o Brasil fora do Mapa da Fome, promover a superação da pobreza e fortalecer a classe média.
“Vamos vencer o momento do tarifaço e seguir como um país que cresce entre os mais desenvolvidos do mundo, sem abrir mão da democracia e da soberania”, concluiu.