ARTIGO

A responsabilidade do PT

Senadora afirma que a liderança do partido na preferência dos brasileiros, apontada no Datafolha, é fruto do reconhecimento dos avanços obtidos nos governos Lula e Dilma
A responsabilidade do PT

Foto: Alessandro Dantas

 

A pesquisa Datafolha divulgada neste domingo mostrou que aumenta continuamente a popularidade do Partido dos Trabalhadores. O partido, que já teve cerca de 30% da preferência popular no início de 2013, perdeu muitos pontos e caiu para 9% em dezembro de 2016, agora atinge 18% de preferência, ante 15% na pesquisa anterior, de maio deste ano. Em segundo lugar, empatados, PMDB e PSDB estão com 5% de preferência cada um. Além de PT, PMDB e PSDB, apenas PSOL, PV e PDT pontuaram, com 1% cada um na preferência.

A pesquisa mostra também que 59% dos entrevistados não demonstram preferência partidária. Esse alto índice não chega a ser novidade, as pesquisas sempre demonstraram alto percentual de pessoas que não declaram preferência por qualquer partido.

A novidade é o novo recorde negativo em pesquisas, atingido pelo presidente golpista. O governo Temer alcançou a marca de 7% de aprovação, menor índice em 28 anos. Somente Sarney teve índice menor, em 1989, no auge da hiperinflação. A gestão Temer é considerada ruim ou péssima por 69% dos entrevistados e regular por 23%.

Acho importante pensarmos nesses números e em seu significado. O PT caiu no período de 2013 a 2016 em boa parte devido a erros cometidos na política e na gestão de nosso governo, especialmente na gestão econômica após as eleições de 2014, que causou decepção e derrubou a preferência pelo partido. Mas também em razão de campanha sistemática de ódio ao partido e a seu legado.

Nossos adversários, derrotados em quatro eleições presidenciais consecutivas, aproveitaram para montar nova aliança com setores que antes estavam no governo, e com amplo apoio na grande mídia e no empresariado, trabalharam interessados em interromper as políticas sociais implementadas pelo PT nos seus governos.

Essa foi a aliança que fez o impeachment e levou Temer ao poder, para impor nova agenda, como a PEC que limitou os gastos públicos e as reformas trabalhista e da previdência. Todas essas reformas buscam implantar um novo regime, com menos gastos na área social e fortes ataques a direitos dos trabalhadores, piorando muito as condições de trabalho e a aposentadoria do povo brasileiro.

O PT, aliado a outros partidos na nova oposição, como PCdoB, PSOL, PDT, REDE, além de parlamentares do PMDB, do PSB e de alguns partidos da base, tem combatido essa agenda montada para tirar direitos e preservar e favorecer ainda mais aos setores rentistas, que ganham muito emprestando dinheiro ao governo com juros extorsivos e que querem sempre mais.

Nossa resistência a essa agenda antipopular tem sido reconhecida, assim como se mantém na consciência popular os avanços obtidos nos governos do PT, principalmente com Lula e também Dilma. É isso que se reflete nos índices de preferência partidária, que estão crescendo.

Esse resultado nos dá força e estimula, cada vez mais, a continuar combatendo essas reformas e os retrocessos desse governo golpista. Mas também nos chama a construir, junto com os partidos de esquerda e centro esquerda, assim como com movimentos sociais e forças progressistas da sociedade, uma nova agenda para o Brasil.

Essa é a tarefa mais importante nesse momento: apresentar propostas para reconstruir o Brasil, desenvolver um novo programa, novas propostas para o País, capazes de apontar um rumo para o desenvolvimento com redução da desigualdade. Para isso é preciso conjugar crescimento econômico com geração de empregos e políticas sociais eficazes no combate à pobreza.

A construção dessa nova agenda, com base nos interesses da maioria da nossa população será a maneira de retribuir o aumento da confiança em nosso partido e vai aumentar ainda mais essa confiança. Para desenvolver essas ideias, esse novo programa, o PT está disposto a dialogar e reunir-se com todos os partidos e movimentos sociais que se disponham a combater essa agenda que vemos em implantação hoje.

Não será fácil. Os setores empresariais mais conservadores, a grande mídia e os partidos que hoje apoiam o governo Temer são contrários a um programa como esse, de caráter popular e evidentemente de esquerda. Mas a grande maioria da nossa população irá apoiar, porque reconhecem os avanços ocorridos nos governos do PT e querem aprofundar as conquistas, querem ir mais longe. Esse é o sentido da popularidade crescente do Partido dos Trabalhadores. E é por esse caminho que pretendemos crescer ainda mais.

Nossa responsabilidade com o povo brasileiro é muito grande!

*Gleisi Hoffmann, senadora pelo Paraná, é presidenta nacional do PT

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