As negociações coletivas renderam 5% de reajuste mediano real nos salários dos trabalhadores em fevereiro. É o que comprova o boletim Salariômetro, elaborado pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe). O crescimento ficou acima dos 3,8% registrados pelo Indíce Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), no mesmo período. Pelo 15º mês, os proventos de quem produz alcançaram aumentos reais, o que não se via desde julho de 2018.
A previsão de baixa inflação no Brasil para os próximos 12 meses (com o INPC em torno de 4%, de acordo com a Fipe) sinaliza que os reajustes dos salários terão continuidade. Em 2024, quase 90% das negociações coletivas resultaram em ganhos reais para os trabalhadores acima da inflação.
Consultado pelo jornal Valor Econômico, o coordenador do Salariômetro, Hélio Zylberstajn, ressalta que o INPC tem se mantido abaixo do Índice de Preços ao Consumidor (IPCA), facilitando as negociações entre os trabalhadores e os empregadores. “A inflação está muito baixa e quando a inflação está baixa, as empresas conseguem dar o ajuste acima da inflação”, analisa.
A região Sudeste obteve o maior ganho real (3,18%) no período analisado pela Fipe, à frente das regiões Norte (1,79%), Centro-Oeste e Nordeste (1,29%), e da região Sul (1,20%). Para março, a previsão é de reajustes medianos na ordem de 5,5% nos salários, com mais de 94% das negociações coletivas resultando em aumentos reais acima do INPC.
Economia brasileira
Principal destaque da economia brasileira com os maiores reajustes reais para os trabalhadores em fevereiro, a Construção Civil registrou 3,2% de aumento. Os setores de Agropecuária e de Serviços se mantiveram em 2,2%, enquanto que a Indústria e o Comércio obtiveram 1,1%.
Conforme o boletim da Fipe, o piso mediano do salário foi de R$ 1.488,00, o que representa valor 5,4% acima do salário mínimo. Zylberstajn também atribui os ganhos salariais do período à questão política. “O dinheiro circula mais, os candidatos que estão eleitos, os prefeitos, costumam acelerar as obras, então a economia gira mais e isso aumenta a demanda de trabalho.”, argumenta.
“Isso favorece e dá poder de barganha para os trabalhadores, é um ingrediente a mais para conquistar reajustes maiores”, acrescenta.