Pinheiro: É preciso fortalecer a geração de energia solar e eólicaO Brasil possui um sistema elétrico robusto, com prioridade para as energias limpas e renováveis, mas que precisa de ajustes para continuar crescendo e contribuindo com o desenvolvimento da economia nacional.
É preciso fortalecer a geração de energia solar e eólica, cujos parques demandaram grandes investimentos e carecem ainda de linhas de transmissão para que sejam interligados ao sistema nacional de eletricidade.
A energia eólica – que avançou muito, principalmente com leilões – e a energia solar precisam de uma sinalização forte do governo no sentido do aumento da sua participação na matriz energética do país.
Essa ausência de ênfase e falta de incentivos e investimentos em P&D tem levado dúvidas ao setor e, consequentemente, ao seu enfraquecimento e até ao fechamento de indústrias produtoras de aerogeradores.
Falta também definição do governo com relação à renovação de contratos históricos, dos quais dependem inúmeras indústrias de vital importância para o desenvolvimento do país, particularmente para estados da região Nordeste.
Refiro-me à questão que envolve as empresas eletrointensivas e o fornecimento pela Chesf (Companhia Hidro Elétrica do São Francisco). Trata-se de um tema que há muito tempo vimos alertando as autoridades, em vista dos seus impactos sobre a economia nordestina.
Em junho encerram-se os contratos entre a Chesf e as indústrias que se utilizam da eletricidade de forma intensiva. Para essas empresas, a eletricidade é como o ar que se respira. Portanto, a busca de energia no mercado elevará e muito o valor do MWH, o que pressionará custos levando ao encerramento de suas atividades ou a transferência de suas plantas, bem como o enfraquecimento desses players no mercado internacional.
Além de contribuírem com os cofres estaduais com o recolhimento de vultosos impostos, as empresas eletrointensivas são responsáveis pela geração de milhares de empregos altamente qualificados, que automaticamente desapareceriam na eventualidade delas serem obrigadas a suspender o seu funcionamento no Brasil.
O setor tem ainda gargalos que precisam ser enfrentados para que se possa atender à crescente demanda por energia. Faz-se urgente um melhor planejamento e ação para superar problemas na implantação de unidades de geração, das linhas de transmissão e das subestações, para que haja equilíbrio entre a demanda e a oferta de energia.
Como sabemos, a grande dependência que temos da hidroeletricidade, apesar de ser uma das mais limpas e de baixo custo, tem deixado o país à mercê das variações climáticas, notadamente dos grandes períodos de estiagem que hoje já não são mais privilégio da região Nordeste, ocorrendo igualmente por longos períodos nas demais regiões do país.
Portanto, o planejamento para prever as adversidades climáticas mostra-se de fundamental importância para o melhor funcionamento e confirmar a robustez do sistema brasileiro de eletricidade.
*Artigo originalmente publicado no jornal baiano Correio em 14/05/2015, sob o título “Ajustes necessários no setor elétrico”