Enquanto os preços administrados pelo governo federal (combustíveis e luz elétrica) forçam para baixo a inflação – e cobrarão a conta em 2023 – os alimentos se descolam da média geral e continuam em alta. Com a variação de 0,24% em agosto – nona alta seguida – o grupo Alimentação e Bebidas subiu 10,10% nos primeiros oito meses do ano, mais que o dobro do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), de 4,39%.
Nos últimos 12 meses, a inflação dos alimentos chega a 13,43%. Variação também muito acima dos 8,73% acumulados do IPCA no período, conforme os dados divulgados nesta sexta-feira (9) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.
Itens importantes na mesa das famílias continuam inflacionados, como o frango em pedaços (2,87%), o queijo (2,58%) e as frutas (1,35%). A entrada da safra fez caírem os preços de tomate (-11,25%), batata inglesa (-10,07%) e óleo de soja (-5,56%). Mas em 12 meses a batata inglesa acumula alta de 25,12%, e o óleo de soja, de 19,67%.
Outro produto importante, o leite longa vida recuou (-1,78%), mas acumula alta de 60,81% em 12 meses, enquanto os derivados subiram 39,21%. “Nos últimos meses, os preços do leite subiram muito. Como estamos chegando ao fim do período de entressafra, que deve seguir até setembro ou outubro, isso pode melhorar a situação”, analisa o gerente da pesquisa, Pedro Kislanov. “Mas no mês anterior, a alta do leite foi de 25,46%, ou seja, os preços caíram em agosto, mas ainda seguem altos.”
Com o preço próximo da estabilidade em agosto (0,01%), a alimentação no domicílio acumula alta de 15,63% em 12 meses. A alimentação fora do domicílio (0,89%) subiu em reação ao mês anterior (0,82%), acumulando alta de 7,75% em 12 meses. O preço da refeição variou 0,84% em agosto, com alta de 8,37% em 12 meses, enquanto o lanche subiu 0,86%, encarecendo 6,40% no período.
A carestia da comida piora as condições de vida, principalmente, da população mais pobre. Essa parcela da população compromete maior parte do orçamento com alimentos e bebidas.