O trabalho no Senado tem me dado a oportunidade de viver experiências ricas e diversas, aumentando ainda mais meu interesse e atenção por alguns temas fundamentais para o Brasil do século 21. Um desses temas é a saúde da pessoa idosa. Em 2030, os idosos brasileiros serão, segundo o IBGE, quase tão numerosos quanto os jovens. Ao mesmo tempo que é notícia positiva, pois estamos vivendo mais, é também preocupante, pois não existe planejamento no atendimento adequado aos cuidados necessários que essa população exige.
Existem muitas propostas em andamento no Congresso Nacional, uma delas é o projeto de regulamentação da profissão de cuidador de idoso, do qual sou relatora no Senado. Em outubro, reunimos grupo de especialistas para discutirmos o projeto. Muitas questões foram levantadas nessa reunião, sempre com a preocupação de dar amparo jurídico aos que já exercem a profissão, assim como garantir serviço seguro e qualificado ao idoso cuja saúde e bem-estar são diretamente afetados. Discutimos, dentre outras questões, a formação mínima a ser exigida. A inclusão desses profissionais nas equipes de Saúde pública. As competências e procedimentos que poderão ser executados pelos cuidadores, sem risco para o idoso e sem conflitar com outros profissionais como enfermeiros e médicos.
É tema complexo, em especial porque a profissão de cuidador de idoso já é realidade que envolve hoje cerca de 200 mil profissionais. E o campo de ação amplo que não envolve só o cuidado com a saúde do idoso e não se restringe apenas à sua residência. Nosso projeto tem que enfrentar exatamente esse desafio: o de aproximar a lei da realidade desses profissionais para não inviabilizar seu dia a dia. Foi com esse propósito, inclusive, que disponibilizamos consulta pública na página do Senado. O resultado foi muito positivo.
Nas próximas semanas apresentarei meu relatório para o projeto. Será mais um passo na direção de construir legislação de qualidade e que perdure. Queremos e merecemos ter o melhor profissional, o mais qualificado. Mas existe ingrediente importantíssimo: a vocação. É ela que garante a dedicação, a paciência, o carinho com o idoso, tão essenciais e, infelizmente, raros nos bons profissionais de hoje. Eles precisam possuir conhecimentos técnicos, mas, acima de tudo, precisam ter alma de cuidador.
Artigo publicado no Diário do Grande ABC (02/05/2012)