Alta de 1,8% em abril mostra recuperação da indústria

IBGE mostra que atividade cresceu 8,4%, em comparação com abril de 2012. Setor de bens de capital cresceu  3,2%, na quarta alta seguida.


Alta da indústria foi impulsionada pelo produção
de máquinas e equipamentos – 3,2% e 15,5% no
acumulado do ano

A produção industrial avançou 1,8% em abril na comparação com março, segundo divulgou, nesta terça-feira (04), o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A alta superou as expectativas dos analistas que esperavam um crescimento bem menor.

Este é o segundo resultado positivo consecutivo nesse tipo de comparação, um ganho de 2,7% nesse período, segundo a Pesquisa Industrial Mensal. A categoria bens de capitais (máquinas e equipamentos) foi a principal influência para esse aumento, ao apresentar a maior variação em abril, com alta de 3,2%, quarto resultado positivo consecutivo, com ganho acumulado de 15,5%. A alta nesse setor é um dos parâmetros utilizados pelos economistas para avaliar o investimento no setor, uma vez que as indústrias estão se preparando para produzir mais.

Outro termômetro importante que mostra alta das encomendas é a expedição de papel ondulado – o setor teve avanço relevante no mês, de 1,1%.

A forte expansão da demanda por crédito, em especial para financiar a compra de maquinas e equipamentos, caminhões e maquinário agrícola é apontada pelo Governo e economistas como tendência positiva para a indústria brasileira. A recuperação, registrada pelo IBGE, vem ocorrendo desde o primeiro trimestre do ano, quando a indústria de bens de capital teve alta de 9,8% em sua produção, comparado com o mesmo período no ano passado. No cenário externo, a China, os EUA a Europa apresentaram queda na demanda industrial.

A pesquisa

IBGE
Ao comparar o resultado da indústria com abril do ano passado, houve crescimento de 8,4% em abril de 2013 – taxa mais elevada nesse tipo de comparação desde agosto de 2010 (8,6%). O estudo informa que todas as categorias de uso, 23 das 27 atividades, 58 dos 76 subsetores e 63,4% dos produtos pesquisados apontaram expansão na produção.

No acumulado deste ano, o setor industrial teve expansão de 1,6%, revertendo a queda de 1,1% assinalada nos quatro últimos meses do ano passado, nas comparações com os períodos equivalentes do ano anterior. Dos 27 ramos investigados, 13 apontaram expansão na produção. Ainda segundo o IBGE, no acumulado em 12 meses, a produção das indústrias recuou 1,1% em abril, uma diminuição do ritmo de queda registrado em janeiro (-2%), fevereiro (-1,9%) e março (-2%).

A expansão da atividade industrial em abril deste ano, na comparação com março, alcançou todas as categorias de uso e 17 dos 27 ramos pesquisados. Os maiores aumentos de produção foram identificados nas atividades: veículos automotores (8,2%), máquinas e equipamentos (7,9%) e alimentos (4,8%). O primeiro setor avançou 15,6% nos dois últimos meses de expansão, o segundo acumulou ganho de 19,3% entre janeiro e abril, e o terceiro eliminou a perda de 4,5% verificada entre fevereiro e março.

Também relação a abril de 2012, o setor de bens de capital, ao crescer 24,4%, assinalou o quarto resultado positivo consecutivo e o mais elevado desde agosto de 2010 (26,5%) nesse tipo de confronto. O segmento foi influenciado pelo crescimento em todos os seus grupamentos, com destaque para o avanço de 34,0% em equipamentos de transporte. Os demais resultados positivos foram registrados por bens de capital para uso misto (15,2%), para fins industriais (20,7%), para energia elétrica (18,0%), agrícola (28,7%) e para construção (18,4%).

Tendência positiva
Os dados do IBGE também são confirmados pela pesquisa da LCA Consultores, segundo informou hoje o jornal Valor Econômico, que apontou uma atividade mais intensa ao longo do mês de abril. Além do desempenho da produção de máquinas e equipamentos, outro setor foi destacado pelo economista Rodrigo Nishida – a expedição de papel ondulado, termômetro importante das encomendas fora da cadeia automotiva, também teve avanço relevante no mês, de 1,1%, de acordo com os dados da associação do setor, com ajuste sazonal da LCA. Ele ainda chamou atenção para o importante impulso do setor automotivo com destaque para a fabricação de caminhões, que contou com alta de 7,4%.

Ao Valor, Nishida elencou a tendência positiva em outros segmentos da indústria – a safra de cana-de-açúcar deve impulsionar a produção de etanol; e o aumento da capacidade das refinarias da Petrobras deve elevar ainda mais o refino de petróleo.

Alta da demanda por crédito

papelo

Outro termômetro importante que mostra alta
das encomendas é a expedição de papel
ondulado – o setor teve avanço relevante no
mês, de 1,1%

A atuação do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) na oferta de crédito barato para a compra de máquinas e equipamentos fez crescer a demanda por linhas de financiamento. Ao jornal Valor, o diretor financeiro do banco, Maurício Borges, revelou que as liberações para a linha Finame/BNDES, de capital de giro cresceram “aproximadamente 50%, ou até mais”, de janeiro a maio deste ano, em comparação com igual período do ano passado.

A estimativa do BNDES é atingir R$ 100 bilhões em 2013, mais que o dobro do registrado em 2012 (R$ 43,6 bilhões). “Dados fechados do primeiro quadrimestre, obtidos pelo Valor PRO, serviço de informação em tempo real do Valor, indicam que os desembolsos para o Finame subiram 77,5% ante igual período do ano passado, somando R$ 22,9 bilhões”, revela o jornal. Detalhe importante para o total de crédito liberado – mais da metade – nos primeiro quatro meses de 2013 destinados a bens de capital voltados para transporte, como caminhões – o que representou aumento de 48,7% em relação às liberações para o segmento em igual período no ano passado.

Ainda segundo o Valor PRO, o maior nível de expansão foi o financiamento para máquinas e equipamentos – os desembolsos subiram 99,5% de janeiro a abril de 2013 na comparação com igual período em 2012, para R$ 6,7 bilhões. Outro destaque foram os desembolsos para equipamentos agrícolas, que somaram R$ 5,2 bilhões, 143% acima do apurado no primeiro quadrimestre de 2012, impulsionados por mais uma expectativa de safra recorde neste ano.

Recuperação sustentável
Em entrevista ao Valor, o chefe do departamento de máquinas e equipamentos do BNDES, Paulo Sodré, afirmou que os números comprovam sinais de recuperação sustentável dos investimentos na economia em vários segmentos. “Houve um aumento forte nos desembolsos não só para transporte como também para máquinas e equipamentos, um setor que foi bastante atingido pela crise”, frisou Sodré ao jornal.

Um dos fatores positivos, conforme a reportagem, foi a decisão do banco de prorrogar até o fim de 2013 o Programa de Sustentação do Investimento (PSI), implementado para estimular investimentos e competitividade da indústria.

Indústrias no exterior
O jornal Valor Econômico trouxe ainda, nesta terça-feira, o cenário das indústrias nos Estados Unidos, na China e na Europa, que segundo a reportagem, sofreram no mês passado com a queda na demanda devido a crise financeira internacional. “A produção nas fábricas dos EUA caiu em maio pela primeira vez em seis meses, enquanto o setor manufatureiro da China sofreu o primeiro tombo em sete meses. Já na zona do euro, a indústria se contraiu pelo 22º mês seguido em maio, apesar de o tamanho da queda ter sido o menor em quatro meses”, diz a matéria.

Os resultados dos índices de gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês), foram divulgados ontem por americanos, chineses e europeus.

A contração da atividade foi apontada pelo PMI europeu e dos EUA, que também estão abaixo de 50 pontos. Na China, o PMI medido pelo HSBC recuou para 49,2 em maio, ante 50,4 de abril. Em comunicado, o economista-chefe do HSBC para China, Qu Hongbin, afirmou que diante das persistentes turbulências no exterior, o governo chinês “precisa estimular a demanda doméstica para evitar uma desaceleração ainda maior da produção industrial e o impacto que teria sobre o mercado de trabalho”.

Com informações do IBGE e do jornal Valor Econômico

Veja a pesquisa completa da IBGE 

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