Nos anos quarenta, mal terminada a Segunda Guerra Mundial, os Estados Unidos tentaram aproveitar a “oportunidade histórica” para retomar a ofensiva pela ocupação da Amazônia, objetivo desde o Século 19. Por meio do projeto Hiléia Amazônica apresentado à Unesco em 1946, pelo cientista brasileiro Paulo Estevão Carneiro, os norte-americanos apostaram em criar um enclave na região. Um parecer contrário do ex-presidente e então senador Artur Bernardes, com apoio das Forças Armadas, aprovado em janeiro de 1949, barrou o golpe contra os interesses nacionais.
A convenção derrotada no Congresso Nacional e na sociedade, pretendia transferir a soberania das decisões locais para o âmbito de um fórum com “maioria externa”, evidentemente sob controle dos Estados Unidos. O projeto entreguista dava a todos os países com assento na ONU o poder de decidir sobre assuntos que deveriam ser apenas do interesse dos países da região amazônica, em especial o Brasil. Em 1951, o projeto da Hiléia Amazônica foi arquivado, dando lugar um ano depois ao Instituto de Pesquisas da Amazônia – INPA, criado pelo presidente Getúlio Vargas.
O objetivo do projeto era realizar pesquisas nas áreas de botânica, química, zoologia, geologia, além de estudos etnográficos, com objetivo de “promover a preservação e a integração cultural” da Região Amazônica. Ou seja, buscava mais uma vez se apoderar das riquezas locais e transferi-las para o exterior, como ocorre hoje de forma ilegal, apesar do esforço da vigilância das autoridades responsáveis. Quase setenta anos depois, as mesmas ameaças retornam por meio da venda de terras para estrangeiros e da concessão indiscriminada para exploração de minérios, sem qualquer controle do Estado Nacional.
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