Amazônia Legal apresenta menor índice de desmatamento da história

De acordo com a ministra Izabella Teixeira, o Brasil já atingiu 76% da sua meta voluntária de redução do desmatamento

 

A área de 4.571 km² equivale a três vezes o tamanho
do município de São Paulo

A ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, divulgou nesta quarta-feira (5) que o desmatamento da Amazônia Legal entre agosto de 2011 e julho de 2012 foi de 4.571 km², menor índice desde que foram iniciadas as medições, em 1988. A área equivale a três vezes o tamanho do município de São Paulo. O anúncio foi feito durante a reunião do Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas (FBMC), que acontece em Brasília, e que conta com a participação da presidente Dilma Rousseff.

O número, proveniente do sistema Projeto de Monitoramento do Desflorestamento na Amazônia Legal (Prodes), é consolidado e foi corrigido em cerca de 2% para baixo em relação ao índice divulgado em novembro do ano passado, quando o governo anunciou um desmatamento de 4.656 km² no bioma.

A Amazônia Legal é a área que engloba os estados que possuem vegetação amazônica – todos os da Região Norte, além de Mato Grosso e parte do Maranhão.

O Prodes é operado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e registra informações coletadas ao longo de um ano por satélites que detectam desmatamentos a partir de 6,25 hectares. Segundo o Inpe, os números divulgados pelo Prodes são mais importantes porque são mais precisos do que os do sistema de detecção do desmatamento em tempo real (Deter), que divulga informações mensalmente.

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Desmatamento na Mata Atlântica é o maior desde 2008; MG é o vilão
O desmatamento na Mata Atlântica entre os anos de 2011 e 2012 causou a perda de uma área de 235 km² de floresta (que inclui mangues e restingas), taxa anual considerada a maior desde 2008. As informações fazem parte do Atlas dos Remanescentes Florestais da Mata Atlântica do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e pela organização não-governamental (ONG) SOS Mata Atlântica.

No período que vai de 2008 a 2010, a taxa média anual de desflorestamento foi de 151 km². No levantamento de 2010 a 2011, a taxa anual ficou em 140 km². Na comparação dos dez estados avaliados em todos os períodos do atlas (feito desde 1985 e que incluiu BA, ES, GO, MG, MS, PR, RJ, RS, SC e SP desde o início), o aumento foi de 29% em relação a medição feita em 2010-2011.

Segundo o atlas, os estados de Minas Gerais, Bahia, Piauí e Paraná são os que têm situação mais crítica, já que nesses locais foi constatado um avanço na derrubada da vegetação nativa. Minas foi o estado que mais desmatou, responsável por derrubar 107 km² de floresta. De acordo com o atlas, o aumento na taxa de desmate no estado foi 70% maior que no período anterior.

Com os dados atualizados, sabe-se que restam apenas 8,5% da vegetação original da Mata Atlântica, que alcança 17 estados brasileiros e é considerado o bioma mais ameaçado do país. Essa paisagem natural é uma das mais ricas em biodiversidade, e até 60% de suas espécies de plantas são endêmicas, ou seja, só existem naquela região.

Ainda segundo o atlas do Inpe e da SOS Mata Atlântica, nos últimos 27 anos, o bioma perdeu 18.269 km² de vegetação nativa, uma área equivalente a 12 cidades de São Paulo.

Intervenção do Ministério Público em MG
De acordo com o levantamento é a quarta vez consecutiva que Minas Gerais lidera o ranking do desmatamento na Mata Atlântica. Segundo Marcia Hirota, coordenadora do Atlas pela SOS Mata Atlântica, o estado, que tem a maior cobertura nativa de floresta (10,4% de seu território

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  Minas foi o estado que mais desmatou,
  responsável por derrubar 107 km² de floresta,
  aumento de 70%

ainda é coberto por vegetação), é o que mais abriga áreas de supressão.

Para o Ministério Público Estadual, os cortes foram feitos para dar lugar a carvoarias, que abastecem a indústria siderúrgica, e a plantações de eucalipto. As imagens de satélite captaram ilegalidades principalmente no noroeste do estado, na região do Vale do Jequitinhonha.

A situação, considerada grave pelo promotor de Justiça Carlos Eduardo Ferreira Pinto, forçou a instauração de 18 inquéritos contra siderúrgicas instaladas nas proximidades de Sete Lagoas e Divinópolis. O objetivo é saber se insumos que abastecem o setor são extraídos ilegalmente da floresta.

Metas de redução de emissões
De acordo com a ministra Izabella Teixeira, o Brasil já atingiu 76% da sua meta voluntária de redução do desmatamento, que é de chegar a uma área desmatada de 3.925 km² em 2020. Além disso, segundo ela, o País alcançou cerca de 62% da meta total de redução das emissões de gases de efeito estufa. O compromisso voluntário brasileiro foi apresentado em 2009, na Conferência do Clima das Nações Unidas sobre Mudança Climática, COP 15, em Copenhague.

A ministra afirmou ainda que a redução do desmatamento reflete um “esforço ambiental e social de toda a sociedade brasileira”. “Não podemos ter no Brasil o que aconteceu com outros países no passado, que foram eficientes e depois, quando foram colocados em fóruns com outros países, foram punidos com metas adicionais”.

Dilma disse que a meta para 2020 é “extremamente passível” de ser cumprida. No entanto, ela ponderou que para o país continuar a fazer hidrelétricas a fio d’água e manter sua fonte de energia renovável, as usinas termelétricas continuarão a ser necessárias.“Haverá uma tendência inexorável de aumento das térmicas na nossa matriz decorrente de hidrelétricas a fio d’água, de energia eólica. São energias que, quando não têm mecanismos de reservar, que mudam em relação ao clima, são necessariamente voláteis e necessitam portanto ser firmadas por térmicas”, explicou Dilma.

Questionada se o País tem condições de construir mais usinas com grandes reservatórios, Dilma disse que essa é “uma discussão que o País tem que travar”. “Na hidroeletricidade, quando não há reservatório, o que faz o papel de reservatório? Uma térmica. E uma térmica é muito mais poluente do que uma hidrelétrica com reservatório”, afirmou.

A presidente disse que o Brasil é considerado uma “referência mundial” em preservação ao meio ambiente porque é capaz de “crescer, preservar e incluir”. “Além de preservar o meio ambiente, nós enfrentamos algumas questões que sempre foram colocadas como excludentes. Em muitos lugares, crescer é colocado como algo contrário ao sustentável e ao ambientalmente correto”, declarou a presidente.

Com informações de agências de notícias

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