Depois de visitar o município de Queimadas na Paraíba, a senadora Ana Rita (PT-ES) cobrou dos estados brasileiros a criação de estruturas adequadas ao combate à violência contra a mulher. Relatora da CPMI da mulher no Congresso Nacional, a senadora petista subiu à tribuna, nesta terça-feira (25/09), para defender o rompimento da “cultura machista” existente no País.
“Um país respeitador dos direitos das mulheres não pode conviver com tragédias como a de Queimadas, com a morte anunciada de mulheres, com uma cultura que despreza o feminino e que valoriza o uso da força masculina. É preciso que os estados brasileiros mais violentos, cujas taxas de homicídios são elevadas, tomem em sério os casos e os dados estatísticos e pensem com inteligência estratégias para esclarecer e prevenir novos crimes”, ressaltou.
Em Queimadas, houve um dos crimes de gênero mais chocantes dos últimos tempos – um estupro coletivo de cinco mulheres, que culminou com a morte de duas delas. “Este caso é emblemático. Homens, ainda hoje, acreditam que podem ter relações sexuais com mulheres contra a vontade dessas e usarem a força para isso. “A cultura machista ensina que homens podem invadir os corpos das mulheres, bater nos seus rostos, queimar suas costas, violentar sexualmente, tirar suas vidas. (…) A violência doméstica e sexual ainda é naturalizada e muitas vezes as mulheres são responsabilizadas por terem sofrido a violência”, reagiu Ana Rita. “É a normalidade do uso da violência contra as mulheres que devemos enfrentar e desconstruir diariamente”, reforçou.
Durante a realização do Fórum Nacional de Enfrentamento à Violência Contra a Mulher do Campo da Floresta, lembrou a senadora, a Secretaria de Políticas para as Mulheres anunciou a aquisição de 54 unidades móveis para o atendimento a mulheres e trabalhadoras rurais, em situação de violência. Como parte do Pacto Nacional pelo Enfrentamento à Violência contra as Mulheres, as ações serão coordenadas pelos governos estaduais. A entrega dos ônibus terá início em 2013.
Os governos estaduais e municipais, junto com o movimento organizado de mulheres, é quem decidirão as localidades que receberão os veículos. As informações servirão de referência para as localidades prioritárias dos ônibus, em municípios que já contam com programas sociais do Governo Federal.