Segundo Ana Rita, a marcha das mulheres mobilizou 70 mil pessoas por uma sociedade livre de opressão, violência e preconceito, agregando mulheres do campo, da cidade, da floresta, do movimento sindical, negro e indígena, entre outros segmentos da sociedade. Ela explicou que as mulheres lutam pela aprovação de projetos como a extensão da licença-maternidade dos atuais 120 dias para 180 dias e a participação paritária nos partidos, por meio de uma reforma política.
Já os camponeses cobram reforma agrária, uma solução para o endividamento dos agricultores e a aprovação de um novo Código Florestal que atenda aos anseios dos trabalhadores rurais. Todos esses projetos estão em discussão no Congresso, informou.
“Se não fosse essa mobilização popular, o Senado e a Câmara não teriam projetos tão importantes na pauta. O que está na nossa pauta é fruto da reivindicação do nosso povo. Os movimentos sociais cumprem o papel de fazer a ponte entre as demandas da sociedade e o Parlamento e Executivo”, afirmou.
Confira o discurso da senadora Ana Rita
Quero saudar e cumprimentar todos os Senadores e Senadoras e todos os que nos acompanham pela TV Senado e pela Rádio Senado.
Venho à tribuna, na noite de hoje, para destacar eventos que considero de extrema importância e que ocorreram nos últimos dias.
O primeiro trata da Marcha das Margaridas, que, na semana passada, reuniu mais de 70 mil mulheres, Sr. Presidente, na Explanada dos Ministérios, em frente ao Senado. Foi um momento de muita alegria, um momento muito expressivo. Mulheres vieram de todos os Estados. O crescimento da Marcha evidencia o poder de mobilização social, política e popular do movimento das mulheres brasileiras por uma sociedade livre de opressão, de violência e de preconceito.
Acompanho a Marcha das Margaridas desde a sua primeira edição, em 2000. É muito bom constatar seu crescimento em tamanho e em importância política e, sobretudo, a ampla diversidade em torno desse processo, que é protagonizado pelas mulheres do campo, mas que agrega mulheres da cidade, das florestas, do movimento sindical e do movimento negro, mulheres indígenas, entre outros muitos segmentos da sociedade brasileira.
Quero, Sr. Presidente, parabenizar todas as mulheres que participaram da Marcha, muitas delas vindas do meu Estado, o Estado do Espírito Santo. Essas mulheres viajaram por dias e noites e são exemplos de luta. Negras, indígenas, quilombolas, donas de casa, trabalhadoras rurais vieram a Brasília, para trazer uma pauta bastante intensa, uma pauta que reproduz, de fato, aquilo que as mulheres esperam e desejam, que é a pauta do desenvolvimento sustentável com justiça, autonomia, liberdade e igualdade.
Entendo a Marcha como uma grande oportunidade de fortalecer o nosso papel no Parlamento e também de fortalecer as lutas das mulheres no que depende de políticas públicas por parte do Governo Federal, por parte da nossa Presidenta Dilma. Portanto, todas estão de parabéns por esta Marcha tão grandiosa, tão expressiva!
Lembro que, no Congresso, tramitam importantes projetos que precisamos aprovar e, desde já, faço um apelo e um pedido aos colegas Senadores e Senadoras, para que esses projetos sejam colocados na pauta e apreciados. Falo de projetos como a PEC nº 30, que determina a extensão da licença-maternidade por 180 dias para todas as trabalhadoras brasileiras, e como o PL nº 6.653, que trata da equidade da mulher no mundo do trabalho.
Também queremos a reforma política com participação paritária e alternada de mulheres. Esse, Sr. Presidente, é um grande desafio. Mas acredito muito que, com a força das mulheres desta Casa e também da Câmara Federal e com o apoio dos colegas Senadores, poderemos assegurar que, pelo menos, na reforma política, possamos avançar na participação das mulheres. Isso, com certeza, terá um reflexo positivo na sociedade como um todo, nos nossos Estados e nos nossos Municípios.
Sr. Presidente, participar da 4ª Marcha das Margaridas alimentou a minha alma – isso eu disse do próprio carro de som. Sinto-me energizada por ter participado daquele momento tão grandioso, tão bonito, tão expressivo! Sinto-me mais fortalecida após ter caminhado ao lado de mulheres que, diariamente, lutam por seus direitos, de mulheres simples, de mulheres do povo, de mulheres trabalhadoras, de mulheres que lutam para sobreviver.
O encontro das margaridas com a Presidenta Dilma também foi um momento especial de afirmação e demarcação na implementação das políticas públicas voltadas para as mulheres.
Quero, aqui também, Sr. Presidente, aproveitar para elogiar o Governo da nossa Presidenta Dilma, que atendeu grande parte das reivindicações das mulheres brasileiras, conforme anunciado no encontro com as margaridas, encontro esse bastante expressivo, que aconteceu já no final do dia em que se realizava a marcha.
Quero, agora, também destacar o segundo evento. Refiro-me ao acampamento da Jornada Nacional de Lutas da Via Campesina e da Assembleia Popular, que teve início, na última segunda-feira, no Ginásio Nilson Nelson. Participam dessa importante atividade cerca de quatro mil camponesas e camponeses. Essas trabalhadoras e esses trabalhadores estão aqui em Brasília para cobrar reforma agrária.
Entre os temas a serem debatidos no acampamento, além da urgência na reforma agrária, estão, também, a busca de solução para o endividamento dos agricultores, a defesa de Código Florestal, que atenda a real necessidade dos trabalhadores rurais, particularmente da agricultura familiar, medidas populares na área de energia e o debate sobre o Projeto Popular para o Brasil.
E aqui, Sr. Presidente, quero fazer um destaque. Na manhã de hoje foi realizado, pelos organizadores do acampamento, um café da manhã com os Parlamentares. Tivemos a presença de diversos Senadores e Senadoras, e também de diversos Deputados e Deputadas, que participaram desse café da manhã, ouvindo, atentamente, quais as principais reivindicações, qual é a pauta apresentada pela Via Campesina e também por todas as pessoas presentes do Projeto Popular para o Brasil.
Participei da atividade e quero, aqui, reforçar os meus compromissos com a pauta da reforma agrária e de medidas e políticas públicas que visam a ajudar a agricultura familiar e os pequenos agricultores rurais.
Sr. Presidente, quero dizer que esses últimos dias, para nós, Parlamentares, foram dias muito proveitosos, porque receber, aqui em Brasília, uma representação, tanto da Marcha das Margaridas como está de hoje, que tivemos a oportunidade de acompanhar, a dos pequenos agricultores, dos trabalhadores e das trabalhadoras rurais, dos camponeses e das camponesas que fazem parte da Via Campesina, é motivo de muita alegria, de muita satisfação.
Com certeza, Sr. Presidente, se não fosse essa mobilização popular, possivelmente, esta Casa, o Senado, assim como a Câmara dos Deputados, não teriam projetos tão importantes na pauta, porque tudo que temos na pauta, com certeza, é fruto da reivindicação do nosso povo. E o Movimento Social cumpre o importante papel de fazer essa ponte entre as demandas, entre os clamores da nossa sociedade, o Parlamento e o Executivo.
Então, quero agradecer muito a luta dos nossos trabalhadores, das nossas trabalhadoras, do Brasil inteiro, dos mais variados cantos deste País, que vem trazendo para nós, Parlamentares, uma importante contribuição, e que isso, com certeza, têm fortes reflexos no Governo da nossa Presidenta Dilma. Isso é muito importante, isso nos engrandece, isso nos anima e nos fortalece na luta a cada dia.
Era o que eu gostaria de dizer.
Muito obrigada pela atenção.
Deixo aqui o meu abraço a todos vocês.
Fonte: Agência Senado