Mesmo sem destaque, em espaços diminutos, os jornais não escapam de noticiar que o Brasil vai bem, obrigado.
O jornal Valor Econômico publica hoje uma matéria que passou despercebida por grande parte da mídia: no próximo dia 31 completa-se um ano que o Banco Central iniciou uma inesperada – pelo mercado financeiro e por alguns analistas econômicos – redução da Taxa Selic, que saiu do patamar de 12,5% ao ano para os atuais 8% ao ano, a menor taxa de muitos anos, histórica até.
De acordo com a reportagem, os méritos dessa redução devem ser conferidos à equipe econômica, que vislumbrou, lá em 2011, o espaço para promover o que se chama de inflexão diante da instável economia mundial. Ao baixar os juros, pouco a pouco, o BC mostrou que a economia brasileira é capaz de se adaptar ao cenário onde o custo do dinheiro é menor. A própria presidenta Dilma Rousseff reforçou essa inflexão ao declarar que era impossível o Brasil ocupar a sexta posição no ranking das maiores economias do planeta e, mesmo assim, ter taxas de juros que não eram as mesmas praticadas por nações do primeiro mundo.
Nesse período também houve recuo sistemático do que se chama de spread bancário, a diferença do juro que se paga para quem faz uma aplicação e o juro de quem paga um empréstimo.
E a prova de que juro menor faz bem para a economia, para o cidadão de todas as classes sociais, é que a equipe econômica e a presidenta Dilma têm recebido elogios. Não foi diferente ontem, quando empresários de todos os tamanhos participaram da cerimônia de premiação do anuário do jornal Valor Econômico, que traz o perfil de mil empresas brasileiras. Os empresários, indo contra a corrente de alguns analistas de economia, afirmaram que a redução dos juros sustenta o crescimento do Brasil.
Há dois meses, ao participar de audiência na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, revelou que o cenário econômico brasileiro suportava uma queda dos juros, que os preços das commodities agrícolas e minerais, estáveis no mercado internacional, exerceriam menor pressão sobre a inflação, cujo índice, aos poucos, volta para o centro da meta, ou seja, para o patamar de 4,5%.
Desde agosto do ano passado, o Banco Central não tem errado uma estratégia sequer e ainda assim Tombini foi duramente criticado em artigos. Um deles publicado no final de julho, talvez o mais agressivo, tinha o título “O mundo rosa de Tombini”. Começava desta maneira: “espalhar otimismo e alegria é a nova função do Banco Central. Talvez seja essa a maior inovação introduzida por seu atual presidente, Alexandre Tombini, convertido em propagandista da política econômica. Segundo ele, a economia crescerá mais de 4% no próximo ano, a inflação continuará controlada e as famílias terão recursos para ampliar o consumo, graças à expansão do emprego e da renda”.
Claro que esse artigo é de arrepiar, como se fosse proibido incluir na sociedade de consumo 40 milhões de brasileiros; ter 5,8% de taxa de desemprego, uma das menores num mundo em crise; a inflação em declínio; a renda dos trabalhadores em crescimento, daí projetar crescimento de 4% para o ano que vem.
A torcida contra o sucesso econômico da política do governo da presidenta Dilma é grande, mas é difícil ocultá-lo. Mesmo sem destaque, em espaços diminutos, os jornais não escapam de noticiar que o Brasil vai bem, obrigado. Exemplo disso é a pesquisa mensal de emprego (PME) divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), relativa a julho. A taxa de ocupação se manteve estável durante todo o primeiro semestre deste ano. As empresas, os empresários que atribuem ao juro menor a sustentação e a retomada da economia, promoveram cortes pontuais e não demitiram em massa, nem no primeiro e nem no segundo trimestre deste ano. Para completar, a renda média dos trabalhadores cresceu em algumas regiões 10%, de maio de 2011 a julho deste ano.
Se o cenário é positivo e a equipe econômica segue orientação da presidenta Dilma para não descuidar um minuto, o governo, do seu lado, vai criando as condições para que o empresariado dê como resposta a produção, que gera novos postos de trabalho e mantém os existentes. O governo reduziu encargos sobre a folha de pagamentos; em parceria com a Confederação Nacional da Indústria (CNI) aumentará os investimentos em inovação tecnológica, para agregar valor aos produtos; reduziu as alíquotas do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para diversos setores, no âmbito das ações do Plano Brasil Maior e agora acaba de lançar um desafiador programa de concessões de rodovias e ferrovias.
O Brasil que se tornou um canteiro de obras a partir do governo do ex-presidente Lula também mantém essa característica no governo da presidenta Dilma. E quem ganha com isso são os brasileiros e as brasileiras, com os impactos positivos que essa inflexão representa no campo social. O PIB não é tudo, como afirmou a presidenta, porque ao mesmo tempo vai cumprindo à risca um programa de governo: reduzir a miséria absoluta entre milhões de pessoas. E essa política tem sido exitosa.
Marcello Antunes