Ângela alerta para violência no trânsito de Roraima

A capital Boa Vista está em primeiro lugar entre as menores capitais com maior número de mortes.

Nações Unidas proclamaram os anos de 2011 até 2020, como a Década de Ação pela Segurança no Trânsito. Estimativas da OMS, de 2009, indicam que, caso medidas enérgicas não sejam tomadas, 2,4 milhões de pessoas irão morrer no trânsito, até o ano de 2030.

O fenômeno da violência no trânsito, que coloca nossa capital na liderança deste tipo de problema no Brasil, não é, evidentemente, exclusividade de nosso estado

A preocupação com a violência do trânsito no estado de Roraima levou a senadora Ângela Portela (PT-RR) à tribuna do plenário, nesta terça-feira (23). Com estudos em mãos, a senadora petista revelou que a capital do estado, Boa Vista, aparece em primeiro lugar entre as capitais com menor população, com o maior número de mortes por acidentes de trânsito – taxa de 34,2. As informações são de um estudo realizado pela da Confederação Nacional dos Municípios (CNM), sobre a situação da mortalidade no trânsito no Brasil, com base em dados do Ministério da Saúde. “Deixo aqui, a voz de meu Estado, que grita por solução urgente á violência no trânsito”.

“O título nada agradável que nossa capital ostenta no estudo da CNM, é reafirmado pelos dados da própria Seção de Estatística do Detran, que mostram que, em 2012, a avenida Ataíde Teive, a mais extensa de Boa Vista, liderou a estatística de acidentes de trânsito: foram 300 casos, registrados. Em 2011, os registros de mortes nesta avenida haviam sido 348. É um numero crescente e preocupante. O fenômeno da violência no trânsito, que coloca nossa capital na liderança deste tipo de problema no Brasil, não é, evidentemente, exclusividade de nosso Estado de Roraima” .

Em relação ao Brasil, levantamento feito pelo Centro de Experimentação e Segurança Viária (CESVI BRASIL) mostra que o maior pico de mortalidade no trânsito ocorreu em 2007, com a dramática marca de 37.407 vítimas fatais, perfazendo uma taxa de 19,9 mortes por 100 mil habitantes. “Esse número é assustador”.

Ângela Portela ressaltou que os números revelam que, com a vigência da Lei Seca, alguns estados apresentaram redução de até 30% no número de mortes no trânsito. “A revelação deste fato nos induz a constatar que foi acertada a posição de enrijecer as leis, especialmente a Lei Seca, para que os infratores deixem de contar com a certeza da impunidade”. 

“Mas, nobres colegas, a problemática da violência no trânsito, não é um fato isolado do Brasil. Em todo o mundo, o drama é um sério e preocupante caso de saúde pública e de educação”.

Números em Roraima

Dados estatísticos da Delegacia de Acidentes de Trânsito (DAT), órgão do Departamento Estadual de Transito (Detran), revelam que somente este ano, entre janeiro e março, foram registrados 1.632 casos de violência no trânsito. O número de boletins de ocorrência registrados, até então, já representa 47% do total de casos acontecidos em todo o ano passado, quando a DAT registrou 3.434 acidentes de trânsito em todo o Estado de Roraima.

Este ano, já foram registrados 767 casos a mais do que o notificado no mesmo período em 2012. As estatísticas revelam ainda que o número de mortes também aumentou no primeiro trimestre deste ano em Roraima, que tem menos de 500 mil habitantes.  Foram 28 pessoas que chegaram a óbito por acidentes de trânsito. No ano passado, nos primeiros três meses do ano, as vítimas destas fatalidades foram 25. Com um trânsito tão perigoso, a Delegacia de Acidentes de Transito, apontou que 90% dos 318 inquéritos que estão em tramitação, são de mortes no trânsito.

Números do País

O estudo do Ministério da Saúde revela que
os motociclistas são os mais atingidos

Dados do Ministério da Saúde mostram que, entre 2002 e 2010, houve um crescimento de quase 25% nos acidentes fatais no País. Conforme estes dados, o Brasil é responsável por 4% das mortes de trânsito ocorridas no mundo. O estudo do Ministério da Saúde revela que os motociclistas são os mais atingidos. Em nove anos, o número de acidentes envolvendo motos passou de 3.744 em 2002, para 10.134, no ano passado. Além disso, 25% do total de acidentes fatais registrados no país, envolvem motocicletas.

Os dados do Ministério da Saúde revelam, também, que a situação seria ainda mais grave no Norte do País; região que exibiu o maior percentual de aumento na quantidade de óbitos. Foram 53% do total levantado pelo Ministério. “E aqui novamente aparece Roraima, em situação ainda mais grave, considerando o fato de que a motocicleta é o veiculo muito usado no estado”, disse acrescentando que, em 2010, das 147 mortes ocorridas no trânsito em Roraima, 57 foram de pessoas que estavam em motos.

Dados no mundo

Segundo a senadora, o quadro tão preocupante levou as Nações Unidas a proclamar os anos de 2011 até 2020, como a Década de Ação pela Segurança no Trânsito. Estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS), publicadas no Informe Mundial sobre Situação da Segurança Viária, realizado em 2009, indicavam que, caso medidas enérgicas não sejam tomadas, agora, 2,4 milhões de pessoas irão morrer no trânsito, até o ano de 2030.

O estudo da OMS revela que hoje, já morrem no trânsito, anualmente, em todo o mundo, 1,3 milhão de pessoas. Mais de 90% dos acidentes com vítimas fatais ocorrem em países de baixa e média renda, que concentram menos da metade da frota mundial de veículos motorizados. E as pessoas mais vulneráveis diante deste tipo de violência são pedestres, ciclistas e motociclistas.

Por conta da alta taxa de mortalidade causada pelo trânsito, outros nove países, além do Brasil, foram selecionados para a implantação de projetos de segurança no trânsito. São o Camboja, China, Egito, Índia, México, Quênia, Rússia, Turquia e Vietnã. Juntos, estes países respondem pela metade das mortes no trânsito, que ocorrem em todo o mundo.

Ações de prevenção no Brasil

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“Preocupado em fazer sua obrigação, o governo brasileiro vem tomando medidas administrativas preventivas à violência no trânsito e investindo em políticas de combate e este mal”, reforçou a senadora.

Como exemplo, ela citou o Projeto Vida no Trânsito, lançado em parceira com a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), com o objetivo de reduzir lesões e óbitos no trânsito em municípios selecionados por uma comissão interministerial, que envolve as pastas da Justiça, Saúde, Transportes e Cidades. O projeto conta também com as parcerias de universidades estrangeiras e brasileiras.

No ano passado, o Ministério da Saúde repassou R$ 12,8 milhões para os 26 estados e o Distrito Federal, com o fim de ampliar e fortalecer o Projeto Vida no Trânsito. “Este ano, em ação inédita, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, foi às ruas chamar a atenção para a Operação Rodovida, que acontece em todo o País”, contou Ângela. Ainda está em prática o Pacto Nacional pela Redução de Acidentes, ação integrada entre a Polícia Rodoviária Federal (PRF), polícias estaduais e agências de trânsito.

“Retomo o tema, porque como assunto recorrente, o drama da violência no trânsito diz respeito não somente aos parlamentares e autoridades, mas a todos os milhões de brasileiros. Nosso povo, é verdade, está melhorando de vida e tendo acesso a bens de consumo duráveis. Mas, longe de apontar apenas e tão somente o aumento do poder aquisitivo da população, que agora, está tendo possibilidade de acesso ao carro, à moto, penso que a questão da violência no trânsito tem origem em outras fontes”, pontuou.

Para Ângela Portela, um dos problemas “é a fé na impunidade”, disse ao relatar recentes atropelamentos de ciclistas.  A senadora também alerta para a péssima condição das estradas, que “também ajudam a provocar as mortes que estão inchando nossas estatísticas”. “Precisamos admitir que estamos diante de um problema de ordem social e cultural”, acrescentou defendendo investimento em educação para o trânsito, que envolve, diretamente, uma educação voltada para a cidadania com foco nas crianças para uma cultura de paz, de respeito à vida e à integridade física de todas as pessoas .

“Essa educação para a vida vai além, muito além da educação no trânsito. E ai, senhores senadores, defendo aqui, os investimentos de 100% dos royalties do pré-sal, para a educação brasileira. O País precisa, urgentemente, deste investimento”.

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