Ângela denuncia “acordo político entre os derrotados de 2014, elites econômicas e midiáticas insatisfeitas”O símbolo bizarro da tentativa de golpe contra uma presidenta honesta é o discurso de uma deputada que, ao votar pelo impeachment, bradou que o fazia em nome do marido gestor honesto. Tão honesto que, no dia seguinte à bravata, foi preso, acusado de desviar recursos da saúde pública, de modo a favorecer hospitais dos quais é proprietário. Para a senadora Ângela Portela, uma parcela do parlamento brasileiro transformou-se num “círculo de conspiradores”, cujo objetivo é tomar o poder de modo ilegítimo e assim diminuir o ritmo das investigações da polícia e da justiça”.
Em pronunciamento ao plenário nesta quinta-feira (28), a senadora disse que o momento político é consequência do “acordo político entre os derrotados de 2014, elites econômicas e midiáticas insatisfeitas com o governo e Parlamentares interessados em lançar uma cortina de fumaça sobre seus próprios malfeitos”.
Segundo afirmou, embora sem citar nomes, a deputada Raquel Muniz (PSD-MG) tornou-se uma espécie de modelo desse lamentável parlamento. A deputada citou o marido como exemplo de um “Brasil que tem jeito”, porque seria um exemplo de gestor público. No dia seguinte, o marido, Ruy Muniz, prefeito de Montes Claros (MG) foi preso, sob a acusação de ter desviado recursos dos hospitais públicos.
“Embora a Parlamentar seja um exemplo mais visível dessa estratégia, certamente não será a única. Entre os mais destacados articuladores de um eventual governo Temer – apontado, inclusive, como ministeriável –, figuram políticos que disputariam com o Presidente da Câmara, Eduardo Cunha, um campeonato de processos no Supremo, investigações pela Polícia Federal ou citações na operações Zelotes e Lava Jato”, recordou a senadora.
Ela lamentou que a imprensa não esteja dando a atenção que deveria à ligação íntima entre a conspiração que tem como sede o Palácio do Jaburu (sede da vice-presidência da República) e o que ela chama de “personagens de trajetória duvidosa”. “Entre os mais destacados articuladores de um eventual governo Temer – apontado, inclusive, como ministeriável –, figuram políticos que disputariam com o Presidente da Câmara, Eduardo Cunha, um campeonato de processos no Supremo, investigações pela Polícia Federal ou citações na operações Zelotes e Lava Jato”, enumerou.
Para piorar ainda mais a situação, o “pretenso governo” que os golpistas preparam pretende impor uma pauta conservadora contra os direitos do povo brasileiro. Entre as maldades previstas estão, segundo Ângela, a redução do Bolsa Família, cortes no Pronatec e o relançamento do programa Minha Casa, minha Vida em condições diversas das existentes hoje. E, o mais grave, a fixação de uma idade mínima de aposentadoria, válida para homens e mulheres.
“Não podemos assistir a isso de modo passivo. Vamos denunciar o golpe, que é contra a democracia, contra a Presidenta Dilma, contra os trabalhadores e contra a moralidade”, concluiu a parlamentar.
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