O elevado o reajuste das tarifas de energia elétrica em Roraima pegou de surpresa a sociedade local, provocando apreensão pelo impacto no orçamento das famílias e pelo desestímulo ao investimento de empresas na economia do estado. O registro foi feito pela senadora Ângela Portela (PT-RR) nesta quarta-feira (4), em pronunciamento ao plenário.
Aprovada no dia 27 de outubro e já cobrado a partir do dia 1º de novembro, o reajuste da tarifa de energia chega foi de 40,33%, em média, para os consumidores residenciais, percentual que a senadora definiu como “absurdo”. “Imaginem o que representa para o morador do nosso estado receber, de um momento para outro, uma conta de luz com o acréscimo superior a 40%. É algo capaz de desorganizar as finanças, o orçamento de qualquer família”, protestou Ângela.
Para os consumidores de alta tensão — as empresas em geral e a indústria, em particular — o reajuste chega 43,65%. “Um impacto dessa ordem ameaça desorganizar as finanças, a economia do nosso estado. Certamente terá efeitos danosos sobre a população e a geração de empregos”, avaliou.
Ângela acredita que o maior risco é que essas empresas sejam forçadas a reduzir outros custos, o que pode se traduzir em demissões e em retração do mercado de trabalho. “Com os consumidores já fragilizados pela atual conjuntura econômica, esse quadro pode traduzir-se, no caso de Roraima, por uma dramática retratação no ritmo da economia, o que se significará para o cidadão e a cidadã roraimense uma perda de renda e de postos de trabalho”.
Ângela protestou contra a política tarifária da energia da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) já que, no seu entender, nada justifica um aumento de 40% em menos de um ano, valor que corresponde a quatro vezes a inflação do período. “É algo que agride todos os consumidores, que impacta qualquer orçamento, que prejudica a todos”.
A senadora já enviou ofício ao diretor-geral da Aneel, Romeu Rufino, cobrando esclarecimentos sobre esse reajuste abusivo. “Precisamos rediscutir a concessão de subsídios para a distribuição de energia, especialmente para um estado com as características de Roraima”, defendeu.
O que já seria grave em qualquer região do País ganha contornos ainda mais perversos em Roraima, o único estado que não está interligado ao sistema nacional e que, em decorrência dessa realidade, sofre com a dependência da energia da Venezuela ou da energia oriunda de termelétricas. o que torna o serviço já muito caro e ruim. “Os apagões são rotina em todo o Estado”.
Ângela voltou a defender a retomada imediata da construção do chamado Linhão de Tucuruí, que trará energia mais limpa e mais barata da hidrelétrica do Pará até Roraima. A senadora, que tem feito desse pleito uma das prioridades de seu mandato, voltou a se reunir com a presidenta do Ibama, Marilene Ramos, na semana passada, buscando agilizar o licenciamento ambiental do empreendimento.
Ângela tem promovido negociações com os diversos atores envolvidos no processo — governo do estado, Funai, Ministério Público e a representação do povo Waimiri-Atroari, por cuja reserva passará o Linhão. “São medidas que precisam ser tomadas para que as obras sigam o seu curso”, resumiu.
Cyntia Campos