A promoção do Dia Nacional de Combate ao Câncer de Próstata, no último dia 17, estimula a uma reflexão a respeito da necessidade de um programa nacional voltado para a saúde do homem. Como sabemos, é essa a forma de câncer mais frequente entre os homens.
De acordo com o Instituto Nacional do Câncer, o Inca, são diagnosticados no Brasil 50 mil novos casos por ano, embora a Sociedade Brasileira de Urologia acredite que esse número seja subestimado.
A importância de uma ação preventiva está em que o diagnóstico precoce proporciona 90% de chances de cura. Portanto, uma ação preventiva se faz imprescindível para salvar vidas. Quanto mais cedo ocorrer a detecção do câncer, maiores serão as chances de cura.
Em sentido oposto, caso não seja diagnosticado a tempo, pode trazer sequelas como infertilidade ou infecção generalizada, além de elevado risco de vida. Entre as diversas formas de câncer, é o segundo maior causador de mortes no Brasil, entre os homens.
A Sociedade Brasileira de Urologia tem feito uma denúncia séria. O câncer de próstata revela-se cada vez mais comum entre os brasileiros. Isso significa que os homens ainda têm preconceito com relação a procurar um médico, constata a SBU.
Registro desta tribuna que o Ministério da Saúde tem se mostrado atento para esse desafio. Criou e desenvolve a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem. No dia 12 de novembro, inclusive, o ministro Alexandre Padilha assinou portaria para regular o repasse de recursos de custeio a municípios para execução das ações do programa.
A estratégia adotada apoia-se em metas de prevenção, promoção, tratamento e reabilitação dos agravos à saúde do homem, sobretudo nos serviços oferecidos na Rede SUS, a Política Nacional de Atenção Básica e do seu Programa Nacional de Melhoria do Acesso e da Qualidade da Atenção Básica.
Essa política está em fase de implementação por meio de repasse de recurso financeiro fundo a fundo, em 26 estados, Distrito Federal e em municípios brasileiros que deverão desenvolver ações voltadas para a atenção à saúde do homem, inserindo-se em seus respectivos Planos de Saúde, respeitando as especificidades e as diversidades de cada localidade.
Para auxiliar os gestores estaduais e municipais nesse processo, foi criado um Plano de Ação Nacional. A série de medidas especifica nove eixos de ação.
Esse plano prevê o aumento de até 570% no valor repassado às unidades de saúde por procedimentos urológicos e de planejamento familiar, como vasectomia, e a ampliação em até 20% no número de ultrassonografias de próstata.
Por meio dessa iniciativa, o governo federal quer que ao menos 2,5 milhões de homens na faixa etária de
Além de criar mecanismos para melhorar a assistência oferecida a essa população, a meta é promover uma necessária mudança cultural.
O que se espera é que essa política coloque o Brasil na vanguarda das ações voltadas para a saúde do homem. O País é o primeiro da América Latina e o segundo do continente americano a implementar uma política nacional de atenção integral à saúde do Homem. O primeiro foi o Canadá.
Senhor Presidente, Senhoras Senadoras e Senhores Senadores,
Constatamos que o governo brasileiro está atento ao problema representado pela necessidade de se cuidar, de forma eficiente, da saúde do homem. As informações de que dispomos mostram que essa ação precisa se intensificar.
Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, o IBGE, revelam que, embora a expectativa de vida dos homens tenha aumentado no País, de 63,2 anos para 98,92 anos no decorrer dos últimos 20 anos, ainda se mantém 7,6 anos abaixo da média das mulheres.
Mencionamos o câncer de próstata, mas é preciso lembrar que há muitas outras enfermidades que contribuem para a elevação das taxas de mortalidade dos brasileiros.
À parte os índices de acidentes e de homicídios, muito mais elevados entre os homens do que entre as mulheres, há outros problemas a considerar quando se fala da saúde do brasileiro.
Além das causas externas, dentre as doenças do aparelho digestivo, por exemplo, pode-se destacar as doenças do fígado têm sido responsáveis por 70% das causas de morte de homens de 25-59 anos. Destas, 46% deve-se a doença alcoólica, 36% a fibrose e cirrose e 18% a outras doenças do fígado.
A maior incidência de mortalidade masculina por doenças do aparelho circulatório ocorreu, como era de se esperar, após os 60 anos (72,2%). Temos a média de óbitos por causas cardiovasculares, na população dos 25-59 anos, principal alvo do programa, em torno de 26,8% o que é um percentual bastante expressivo.
Ao se assinalar este fato, há de se lamentar que perdemos anualmente muitas vidas e grande parte de nossa força produtiva em óbitos que poderiam ser perfeitamente evitados, se houvesse uma efetiva política de prevenção primária.
Finalmente, precisamos lembrar que, ao falar da saúde do homem, não podemos ter em vida apenas os índices de mortalidade. Para se ter uma autêntica política de atenção ao homem precisamos pensar em qualidade de vida.
Com os avanços da ciência e, principalmente com a possibilidade de práticas de vida saudável, constatamos que se pode avançar muito nesse sentido. Já fizemos muito e contamos com um programa de governo para a saúde do homem. Mas podemos constatar, também, que há muito a ser feito.