Ângela: educação precisa de fontes de financiamento seguras e permanentes

Ângela: educação precisa de fontes de financiamento seguras e permanentes

Em artigo no jornal o Globo, senadora defende cuidado com a gestão dos recursos para o setor.

O maior desafio é o da qualidade, que só se resolve
com mais investimentos. Os 10% do PIB são hoje
consenso nacional

Entre os parlamentares brasileiros, a senadora Ângela Portela (PT-RR) destaca-se pela defesa veemente dos temas relacionados à educação. Em artigo publicado nesta sexta-feira (08) pelo jornal O Globo, ela defende não só mais investimentos para o setor, como principalmente um maior cuidado com a qualidade desses investimentos.

Mesmo que o Plano Nacional de Educação (PNE), em discussão no Senado,  concretize a expectativa de aporte maior de recursos para o setor, é necessário, de acordo com a senadora, definir como devem ser gastos esses recursos, que mesmo com o PNE, o novo fôlego que deve vir do Pré-Sal e as verbas do Orçamento Geral da União não serão suficientes. “É um motor de arranque, suficiente para que o avião levante voo, mas o que garantirá combustível para o percurso? Questiona. E ela mesma responde:  com gestão de qualidade que garanta a boa gestão dos recursos e fontes de financiamento seguras e estáveis

Leia abaixo a íntegra do artigo

 

Apenas o pré-sal não basta :: Ângela Portela

Os investimentos brasileiros em educação ficam hoje entre 5% e 5,5% do Produto Interno Bruto (PIB) — insuficientes para as atuais necessidades do país. Para a revolução educacional do século XXI, precisamos de 10% do PIB, como prevê o texto do Plano Nacional de Educação, em discussão no Senado.

Não se trata de um número cabalístico. É consequência do aumento real de demanda: em 1960 a escolaridade obrigatória era de 4 anos; em 1972, de oito; em 2016, será de 14 anos. Enquanto as matrículas subiram 250%, os recursos de impostos aumentaram menos de 100%. E as creches e a educação superior, que custam mais caro?

O maior desafio é o da qualidade, que só se resolve com mais investimentos. Os 10% do PIB são hoje consenso nacional.

Eles exigem mais R$ 225 bilhões. Indicar de onde virão esses recursos e examinar como devem ser gastos é o desafio que se coloca aos integrantes da comissão especial do Senado que me coube presidir, para propor soluções objetivas para o financiamento da educação no Brasil. Não temos como fugir.

Aprovamos propostas para elevar as verbas da educação, a partir dos royalties do petróleo e do Fundo do Pré-Sal. Mas essas fontes não bastam.

A presidente Dilma declarou que os royalties renderão em dez anos R$ 132 bilhões. É um motor de arranque. Permite que o avião levante voo, mas o que garantirá o combustível de todo o percurso? Somente chegaremos ao destino com fontes de financiamento permanentes e sustentáveis. Descobrir e potencializar essas fontes é o desafio: nos municípios, nos estados e na União.

A União fica com a maior parcela da receita tributária, mas apenas 5% das matrículas estão sob sua responsabilidade direta. O governo federal aumentou sua suplementação aos estados e municípios: aí estão o Fundeb e o Proinfância, a expansão da merenda, do transporte escolar e dos livros didáticos para toda a educação básica. Mas, sem melhorar os salários dos profissionais da educação, essas ações perdem força.

À comissão caberá examinar como a sonegação, as isenções e as imunidades reduzem as receitas da educação. Não será o caso de estender às contribuições sociais as vinculações à educação que hoje só atingem a receita de impostos? Não se trata de aumentar a carga tributária, mas ajustá-la aos princípios da capacidade contributiva dos cidadãos e do esforço fiscal das administrações.

Finalmente, precisamos aperfeiçoar os padrões de gestão dos recursos. Educação deve ser investimento. Mas, mal geridas, as verbas da educação podem se transformar em desperdícios. Irrecuperáveis.
 

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