“O beneficiário do Bolsa Família, é bom que |
Em discurso na tribuna na noite de ontem, o senador Aníbal Diniz (PT-AC) bem que poderia ter sido agressivo ao mostrar visão confusa do senador Aécio Neves (PSDB-MG) sobre o que ele pensa e entende a respeito do maior programa de inclusão social da história do País e referência mundial que é o Bolsa Família. Mas, quem conhece Aníbal Diniz sabe que agressividade não é sua característica, daí ter preferido derrubar peça por peça da construção feita pelo possível candidato do PSDB à presidente num encontro promovido pela mídia amiga.
É que recentemente, num debate promovido pela revista Exame, da editora Abril, com a presença do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa, o senador Aécio Neves desatou a falar para uma plateia que certamente não faz qualquer esforço para compreender porque é importante a inclusão social. Primeiro, o senador tucano disse que irá propor novas regras para o Bolsa Família. Segundo, disse que irá propor que uma vez por ano o beneficiário do programa precisa receber a visita de um assistente social para que possa ser avaliada a evolução da família.
“Se essa mudança hipoteticamente viesse a ocorrer, seria um retrocesso sem tamanho. Veja só, seguramente, o senador desconhece que o atendimento ao beneficiário do Bolsa Família é gerido pelo Sistema Nacional de Informação do Sistema Único de Assistência Nacional, a chamada Rede Suas, que se originou da Lei Orgânica de Assistência Social (Loas), que este Senado votou em 2011”, observou Aníbal, para demonstrar a total falta de conhecimento do tucano porque essa visita já uma rotina.
Aliás, disse Aníbal Diniz, a rede de assistência social está presente em 5.450 municípios, com mais de 7.400 unidades. Graças a esse contingente é possível acompanhar a vida do beneficiário, se ele realmente está mudando de vida e seus filhos, como pré-requisito, estão frequentando a escola.
Como se não bastasse “chover no molhado” no convescote feito pela revista, Anibal Diniz citou uma entrevista do senador tucano ao jornal O Estado de S Paulo. Na reportagem, Aécio cometeu outro disparate sem ser questionado, ao dizer que o benefício pago pelo Bolsa Família deve ocorrer por um período maior, mesmo que os membros da família assistida consigam um emprego e ultrapassem a renda mensal de até R$ 140 por pessoa. “De novo, o senador foi vitimado pela falta de informação, pois essa prática já é corrente. Não é por outra razão que as famílias que ultrapassam as condições para continuar recebendo o benefício são consideradas pelo governo como ainda em estado de vulnerabilidade social e não são automaticamente retiradas do cadastro único”, afirmou.
Anibal Diniz ponderou que a hipótese aventada por Aécio infelizmente ainda mantém preconceitos, por insistir na ficção de que o cidadão brasileiro assistido pelo Bolsa Família acomoda-se com o benefício recebido. Outra pérola dita pelo possível candidato à presidente foi a seguinte: “O pai de família que voltar a trabalhar com carteira assinada deve permanecer recebendo o benefício por algum período, porque o risco de perdê-lo não estimula as pessoas a voltar ao mercado de trabalho”, disse Aécio na entrevista.
O senador acriano mostrou que Aécio desconhece que 75% das pessoas atendidas pelo programa trabalham. Desconhece, também, que hoje o Brasil tem quase 300 mil empreendedores individuais beneficiários do programa, sem contar outros 145 mil agricultores familiares que recebem o benefício, ao mesmo tempo em que são fornecedores do Programa de Aquisição de Alimentos e do Programa Nacional de Alimentação Escolar.
“O beneficiário do Bolsa Família, é bom que se repita, não é um cidadão acomodado, nem preguiçoso. Mesmo nos casos em que, com ocorrência crescente, o beneficiário tome a iniciativa de devolver o cartão do Bolsa Família, não paira qualquer ameaça se sua vida tornar-se precária novamente”, disse Aníbal Diniz, recomendando, ainda, para quem desconhece a vida real do País, maior empenho para conhecer o novo Brasil que surgiu do combate à pobreza e a miséria absoluta construído pelos governos dos presidentes Lula e Dilma.
FAO
Ao discursar na tribuna do Senado, Aníbal Diniz abordou o relatório divulgado ontem pela FAO, organismo das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação, em Genebra, Suíça, que é alvissareiro para o Brasil. Isto, porque o País foi uma das nações que mais reduziram a fome de sua população. Segundo a FAO, em 20 anos, o número de famintos no Brasil caiu em quase 10 milhões de pessoas. Entre 1992 e 2013, a quantidade de pessoas que passava fome no Brasil foi reduzida de 22,8 milhões para 13,6 milhões de pessoas.
“Esse é um avanço tão importante que deve ser registrado. A erradicação da fome no Brasil, ao lado do desenvolvimento social, desde 2003, foi uma das principais bandeiras do ex-presidente Lula, ao criar o programa Fome Zero. E hoje permanece uma prioridade para o atual governo em outras ações sociais, como, por exemplo, o Bolsa Família”, disse.
O relatório da FAO mostra que o Brasil, ao lado de outros 30 países, já atingiu as chamadas Metas do Milênio em termos de combate à fome. Segundo a FAO, o Brasil conseguiu uma redução que supera a marca de 54%. Em 1990, 15% da população brasileira passava fome. Hoje, essa taxa caiu para 6,9%. Em números absolutos, a redução de 40% é uma das maiores do mundo e duas vezes mais acelerada que a média mundial.