Aníbal: Os brasileiros confiam na capacidade da mulher na política

 

O desenho atual da disputa pela cadeira presidencial – com duas mulheres liderando as pesquisas de intenção de voto –, na avaliação do senador Aníbal Diniz (PT-AC), é uma prova inconteste da confiança dos eleitores brasileiros na presença feminina na política. Em discurso na tarde desta quarta-feira (3) no plenário do Senado, Diniz afirmou que um novo Brasil está se descortinando, no qual a população respeita e se sente à vontade com a presença feminina nos espaços de poder. “Os brasileiros confiam no trabalho, na capacidade e no protagonismo da mulher”, enfatizou.

O senador acriano disse que não vê como “surpresa absoluta” Dilma Rousseff e Marina Silva em um eventual segundo turno, porque na eleição de 2010 as duas, juntas, alcançaram 67% da preferência nas urnas; enquanto os outros oito candidatos somaram 33% dos votos. À época, Marina recebeu 19,33% dos votos válidos, ficando em terceiro lugar. Escolhida por 46,91% do eleitorado, Dilma disputou o segundo turno com José Serra, que havia recebido 32,61% dos votos.

José Serra era candidato pelo mesmo partido de Aécio Neves hoje, o PSDB, cada vez mais distante do segundo turno. Para Aníbal Diniz, essa é outra evidência da predileção da população pela mulher. “Aécio perde pontos para a ascensão da candidata Marina Silva. Isso é uma demonstração inequívoca de que, independentemente da estrutura partidária que está por trás de cada candidato, há certa predileção, uma curiosidade do povo brasileiro em manter as mulheres à frente desse debate na política”, ponderou.

De acordo com a pesquisa Ibope, divulgada nesta tarde, a presidenta Dilma Rousseff teria 37% das intenções de votos para a sua reeleição e a candidata Marina Silva, do PSB, teria 33%, ultrapassando em 18 pontos percentuais o candidato do PSDB, Aécio Neves, que aparece com 15%.

Mas se existe primazia feminina para as eleições presidenciais, no Parlamento a realidade é outra. Das 81 cadeiras do Senado Federal, 10 são ocupadas por mulheres; e dos 513 assentos na Câmara dos Deputados, apenas 45 são de mulheres. Esses números deixam o Brasil em uma posição vexatória no ranking mundial de participação feminina: 158º colocado.

Na expectativa de por fim a sub-representação feminina no Parlamento, o senador Aníbal apresentou um projeto (PLS 132/2014) que destina uma das três vagas de cada ente da Federação para mulheres. “Muitos atribuem essa pouca representação da mulher no Parlamento como se as mulheres não tivessem interesse em participar da política. Mentira. Não é isso. Na realidade, é falta de oportunidade, falta de priorização, falta de uma política afirmativa que possibilite às mulheres condições iguais para disputar as vagas e poder ocupá-las”, justificou.

O petista ainda citou o Acre como um dos primeiros estados a adotar uma posição afirmativa no sentido de ampliar a representação feminina. Como exemplo, disse que a atual deputada federal Perpétua Almeida (PCdoB-AC) disputa a cadeira hoje por ele ocupada. “É preciso que nós homens sejamos os primeiros a dar o exemplo, mostrar que o equilíbrio de gênero faz bem para a democracia, para a sociedade, e para a saúde da política brasileira”, afiançou.

O projeto de Aníbal aguarda votação na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania, onde o senador Paulo Paim (PT-RS) já sinalizou que apresentará voto favorável.

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