Desde que foi oficializada a inclusão da Venezuela no Mercosul, na última quinta-feira (02/08), a mídia monopolista do Brasil não tem dado trégua, com noticiário direto que privilegia supostos prejuízos que o bloco terá de pagar por causa do novo sócio. A maioria dos textos publicados, ora sugere a ocorrência de favorecimento à Venezuela por causa do presidente venezuelano Hugo Chávez, ora que a influência de Chávez será perniciosa à democracia no continente. Nada disso tem consistência, refutou o senador que Aníbal Diniz (PT-AC), na tarde desta quinta-feira (02/08), em pronunciamento no plenário do Senado Federal. Para o senador é “lamentável” que a antipatia de alguns setores à gestão chavista, por si só, obscureça questões mais relevantes para a economia do País.
“A bizarra miopia estratégica que nutre esse debate superficial pode ser extremamente danosa para os interesses de longo prazo do Brasil. A incorporação da Venezuela ao Mercosul não pode ser confundida com uma suposta simpatia político-ideológica para com Chávez”, afirmou o senador, para depois lembrar que este acordo começou a ser costurado na década de 1990, ainda no governo Itamar Franco, e continuou sendo construído nos governos seguinte até os dias atuais.
Aníbal avaliou que embora vários aspectos do regime de Chávez possam ser questionados, como em qualquer regime, é necessário reconhecer que não houve uma ruptura da ordem democrática na Venezuela. “Chávez, além de ter passado por um referendo revogatório, foi eleito e reeleito em eleições limpas e livres, de acordo com todos dos observadores internacionais, inclusive os da OEA e os do Instituto Jimmy Carter”. Motivo pelo qual se tornam frágeis quaisquer insinuações de que não uma real democracia no país vizinho – uma exigência contido no Protocolo de Ushuaia, que regula o bloco do Mercosul.
Do ponto de vista da indústria e da agricultura brasileiras, a adesão da Venezuela, segundo o petista, deverá propiciar uma “oportunidade única”. Para ele, abriram-se as portas para um mercado rico, em que produtos brasileiros têm fortíssima demanda. Aníbal destacou que, entre 2003 e 2008, as exportações brasileiras para a Venezuela passaram de US$ 608 milhões para 5,15 bilhões, um crescimento de 758% em apenas cinco anos. Além disso, há que se considerar que cerca de 72% das exportações para o vizinho são de produtos industrializados, com elevado valor agregado e alto potencial de geração de empregos.
Aníbal Diniz ainda ressaltou que a adesão da Venezuela é também uma grande oportunidade diante da conjuntura de grave crise mundial. “A inevitável redução dos fluxos mundiais de comércio e de investimentos que a crise já vem acarretando, demanda medidas fortes de estímulo ao comércio regional e aos investimentos intrabloco. Por isso, o Parlamento do Mercosul aprovou recomendação ao Conselho do Mercado Comum, na qual se coloca ênfase na necessidade de promover os fluxos comerciais e de investimentos regionais e de ampliar e consolidar do processo de integração”, esclareceu.
Catharine Rocha
Confira a íntegra do discurso do senador Aníbal Diniz.
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