A história de seres humanos extraordinários não é feita como simples receita de bolo. Em alguns casos, como de Luiz Inácio Lula da Silva, também foi preciso adicionar alguns ingredientes especiais como passado simples, vida de luta, imenso legado, respeito ao povo e defesa incansável do Brasil; misturar tudo a uma dose de heroísmo e cobrir a massa com aquele raro senso de justiça social para, enfim, levar ao fogo brando da coragem e servir como banquete de celebração à democracia.
Tal receita, como se sabe, foi criada em 27 de outubro de 1945 na cidade de Caetés e, desde então, é um patrimônio nacional – daqueles que ninguém se acanha em recorrer sempre que necessário. Hoje, exatos 74 anos depois, ela ainda alimenta a esperança de milhões de brasileiros e brasileiras de todos os cantos, de todas as origens.
Como se não bastasse, enquanto seus algozes ainda tentam levar a cabo o sabor indigesto da perseguição política, a “receita Lula” se firmava, mais uma vez, como o prato principal da nação neste domingo. E sobre ela, as incontáveis velas acesas durante o aniversário do maior líder popular do país nos lembraram que a luz criada pelo seu nome jamais poderá ser apagada.
Da mesma Caetés onde nasceu a cidades da Europa, dos Estados Unidos, da África e de toda a América Latina, de anônimos que repartiram o bolo em seu nome em lugares improváveis como o Rio Capiberibe (PE) aos artistas, intelectuais e lideranças políticas que usaram as redes sociais para homenageá-lo, Lula recebeu do Brasil e do mundo uma festa do tamanho da sua própria história.
Mas foi na Vigília Lula Livre em Curitiba, local de hipérboles e superlativos desde sempre, que a festa teve seu momento mais sublime, com milhares de convidados a saborear o nascimento de seu mais legítimo representante. Não à toa, foi na Vigília que um bolo em especial ilustrava com perfeição a grandeza do aniversariante: tinha 74 metros de cumprimento. Isso mesmo. Um metro para cada ano de vida construída com açúcar e com afeto por aquele operário que passou, a contragosto, a viver temporariamente do outro lado da rua.
Os parabéns, cantados em coro desde as primeiras horas deste domingo, também provaram que, apesar do contexto desfavorável e com o país combalido e desgastado por um governo autoritário, sempre haverá motivos para comemorar. Mas não se engane: celebrar o nome de Lula não é apenas festa; é resistência. É, sobretudo, um grito de liberdade.
Afinal, o que pode ser mais libertador do que cantar o nome de alguém cuja prisão sintetiza todos os ataques à democracia em curso no país? Ainda que tenha sido impedido de participar do próprio aniversário, Lula parece cada vez mais adorado e respeitado. Parabenizá-lo, portanto, é um chamado por dias melhores. Por um futuro melhor.
Por tudo que esta data representa, dia 27 de outubro, a bem da verdade, deveria ser feriado nacional.
Da Agência PT de Notícias