Se de um lado o futuro ex-presidente Bolsonaro e ministros sumiram e deixaram o governo à deriva desde 30 de outubro, de outro a equipe do presidente eleito Lula trabalha a todo vapor para fazer um raio-X do país e preparar o terreno para dar início à reconstrução do Brasil a partir de 1º de janeiro. E a bancada do PT no Senado participa ativamente desse processo, tanto a atual quanto a recém-eleita.
“Muito importante o prestígio que nossa qualificadíssima bancada do PT no Senado está recebendo nesta transição. Parabéns, companheirada. Vamos juntos ajudar a reconstruir este país. É uma honra ser líder deste time campeão em um momento tão histórico”, celebrou o líder da bancada, Paulo Rocha (PA).
Ele e o senador eleito Wellington Dias (PT-PI), por exemplo, estão mergulhados nas negociações em torno da PEC do Bolsa Família, proposta pelo Gabinete de Transição para recompor o orçamento deste e de outros programas sociais destruídos pela atual gestão e considerados essenciais por Lula e pelo vice-presidente eleito Geraldo Alckmin, coordenador da transição. Wellington integra o Conselho Político do gabinete.
Já no dia seguinte às eleições, Wellington dava o tom da disposição do governo eleito. “Já estou em Brasília e inicio hoje [1º de novembro] a missão dada a mim ontem, em reunião com Lula, Alckmin e Gleisi Hoffmann [presidenta nacional do PT], para garantir a execução orçamentária de 2022 e a elaboração do orçamento de 2023, levando em conta o projeto vitorioso nas urnas. O presidente Lula nos orientou para que o nosso trabalho garanta as condições de uma transição e governabilidade com planejamento”, publicou.
Passados 15 dias, a PEC foi estruturada e apresentada ao Congresso. “Entregamos para a Câmara e o Senado o Projeto do Bolsa Família, onde colocamos os pobres no orçamento da União. Essa é a garantia de condições para destravar o Brasil, com quatro vezes mais investimentos para o crescimento econômico. O diálogo foi muito bom, e os presidentes das Casas Legislativas [Arthur Lira e Rodrigo Pacheco] deverão ajudar na tramitação da PEC e PLOA [Projeto de Lei Orçamentária Anual], com adequações ao programa do governo eleito, vista como forma segura, sem desprezar outras possibilidades que possam ser estudadas”, relatou Wellington Dias.
Também tem posição de destaque na transição o senador Jaques Wagner (PT-BA), chamado para integrar o GT (Grupo de Trabalho) Centro de Governo. “Vamos trabalhar para construir pontes, unificar o país e aprovar as medidas necessárias para melhorar a vida da nossa população. Coloco minha experiência política de parlamentar, ex-governador e ex-ministro à disposição nesse importante momento de reconstrução do país”, afirmou.
Saúde
Entre os GTs temáticos, o destaque vem sendo o de Saúde, que tem o senador Humberto Costa (PT-PE) entre os coordenadores. O trabalho não para nem em dia de jogo do Brasil na Copa do Mundo. Na manhã desta quinta-feira (24), a equipe se reuniu com o presidente Lula em videoconferência.
“A saúde é uma prioridade para o presidente Lula”, atestou Humberto. “Foi uma enorme alegria tê-lo conosco nesta reunião do GT sobre vacinação. Ele reiterou que, para o seu governo, saúde não é gasto, é investimento. E que não faltarão recursos para a gente recuperar a saúde do nosso país”, antecipou.
O grupo já se reuniu com o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), FioCruz (Fundação Oswaldo Cruz), Conass (Conselho Nacional dos Secretários de Saúde), Tribunal de Contas da União (TCU) e com representantes da indústria da saúde. E na noite desta quinta tem encontro com entidades prestadoras de serviços ao SUS.
“Retomar a cobertura vacinal é prioridade nossa. Ninguém vai trabalhar tanto nesse nosso novo governo como o Zé Gotinha”, avisou Humberto Costa. Além disso, o GT Saúde deve propor a criação de um complexo econômico e industrial da saúde para integrar e impulsionar o sistema produtivo de bens e serviços ligados ao setor.
Educação
Para tratar de Educação, a escalada foi Teresa Leitão (PE), senadora eleita pelo PT, professora aposentada e coordenadora da área no diretório nacional do partido. “Além de reunir todas as informações possíveis sobre a situação real da educação no país, vamos indicar ao novo governo algumas medidas para os 100 primeiros dias. E vamos retomar o Plano Nacional da Educação, abandonado por Temer e Bolsonaro”, anunciou, ao ter o nome confirmado na Transição.
O GT já definiu método de atuação e deu início a análises de documentos e a conversas com representantes do setor. “Começou o trabalho de raio-x do MEC [Ministério da Educação]. Já estamos ouvindo entidades da Educação e discutindo as informações que iremos solicitar ao governo. Simbora, que tem muito trabalho a fazer. Viva a Educação!”, afirmou Teresa.
Minas e Energia
O GT de Minas e Energia também está dedicado a formular um diagnóstico da área e apresentar propostas para o novo governo Lula. Participa dele o senador Jean Paul Prates (PT-RN), líder da Minoria no Senado, que já foi consultor da Petrobras e tem profundo conhecimento sobre o tema.
“Nas próximas semanas, teremos um trabalho intenso de análise do estado das entidades governamentais que tratam do setor e de avaliação das políticas públicas de todas as áreas do GT. Pretendemos entregar uma primeira versão de relatório até 11 de dezembro. Ele deverá ser conciso e pragmático, contendo as recomendações para as novas políticas públicas que serão desenvolvidas pelo nosso governo nos próximos anos”, afirmou o senador.
Desenvolvimento Regional
O senador Rogério Carvalho (PT-SE) e o senador eleito Camilo Santana (PT-CE) fazem parte do GT de Desenvolvimento Regional. “Esta convocação reforça o nosso compromisso com a reconstrução do Brasil. Queremos produzir soluções para gerar empregos e renda. As propostas para o desenvolvimento a partir de agroindústrias, que mostramos ao povo de Sergipe, colocamos também na reunião de trabalho de desenvolvimento regional no CCBB [Centro Cultural Banco do Brasil, sede do Gabinete de Transição]. Vamos fazer um plano efetivo para girar a roda da economia”, resumiu Rogério.
O grupo já se reuniu com o atual ministro da área, Daniel Ferreira, e vem atuando para conhecer o que vem sendo feito e o que deve voltar a ser feito pelo futuro governo Lula. “Temos trabalhado para garantir a retomada do desenvolvimento do país em diversas áreas, como habitação e saneamento básico”, afirmou Camilo Santana, que citou ainda a preocupação do GT com a Amazônia.
“Participo nesta manhã [21 de novembro] de reunião virtual do GT. Em pauta, a construção de propostas da Amazônia Legal para o relatório de transição governamental. O encontro contou com membros da academia, setor produtivo e especialistas. Seguimos com agenda intensa de reuniões para ajudar na construção de soluções que coloquem o país num cenário de desenvolvimento”, relator o senador eleito.