“Brasil tem alto desempenho no desenvolvimento humano e é modelo para o mundo, diz ONU”. Com este título, o escritório brasileiro do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) anunciou, na última quinta-feira (14), o relatório 2013 sobre o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), segundo o qual, o País registrou um crescimento de 24%” nesse índice, desde 1990, e “cresce mais rápido que vizinhos latino-americanos”.
Um quadro bem distinto do que foi pintado pelos grandes veículos de comunicação, que “leram” no relatório do PNUD o panorama sombrio de um País “estagnado” nos indicadores usados para avaliar seu desenvolvimento humano. “IDH do Brasil melhora pouco no primeiro biênio de Dilma”, afirmou a manchete da Folha. “País estaciona em índice de qualidade vida da ONU”, ecoou o Valor Econômico. Mas nenhum chegou ao requinte de O Globo, que além de anunciar um País “estagnado”, ainda cravou em sua capa a acusação ao Governo de “forçar” a “maquiagem’ no IDH”.
O jornalista e escritor americano Mark Twain recomendava à imprensa — com uma larga dose da ironia que fez mais por sua notoriedade que os imortais Huck Finn e Tom Sawyer — que primeiro era necessário “apurar os fatos para depois distorcê-los à vontade”. A julgar pelo noticiário sobre o IDH, a máxima parece ter sofrido uma certa reengenharia, com a eliminação da primeira etapa.
Uma rápida leitura do relatório do PNUD mostra o Brasil em sexto lugar entre os chamados “Países do Sul” que registraram ganhos mais significativos do que o previsto no IDH atendendo aos valores apresentados em 1990. Considerando-se os 187 países pesquisados, o Brasil ficou entre os 15 que mais conseguiram reduzir o déficit no IDH entre 1990 e 2012, “uma trajetória que o coloca no grupo de “alto desempenho” em desenvolvimento humano.
No computo geral, o Brasil permaneceu na 85ª posição em IDH, apresentando progresso nos dois componentes do índice (expectativa de vida e renda nacional bruta per capita) apurados mais recentemente. Os componentes relativos à educação, porém são mais antigos, conforme explicação do PNUD. Os dados relativos aos anos esperados de escolaridade são de 2005 e a média de anos de estudo é a apurada em 2010.
Isso se deve à abordagem metodológica utilizada na elaboração do Relatório de Desenvolvimento Humano (RDH), que usa dados de fontes internacionais. O PNUD Brasil refez, de maneira informal, os cálculos do IDH do País, atestando que, com os avanços recentes nos dois indicadores, o Brasil subiria 16 posições na classificação do IDH.
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