Segundo matéria do jornal Folha de São Paulo, o governo Bolsonaro acaba de montar um roteiro de inaugurações de obras que chegam a 33 no total. Até aí é bastante louvável por parte do presidente a entrega de obras e serviços essenciais à população brasileira. O Partido dos Trabalhadores é o primeiro a apoiar a medida.
O problema é que 25 dessas obras foram planejadas pelos governos do PT. Delas, 2 foram iniciadas no governo de Michel Temer. E apenas 6 saíram do papel no atual governo, mas também já haviam sido discutidas nas gestões anteriores.
Outro detalhe: 18 das obras prometidas correspondem ao setor rodoviário e já faziam parte do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), criado pelo governo do PT em 2007. Apenas uma delas começou na gestão do atual governo.
“A manchete da Folha escancara que Bolsonaro é um enganador incorrigível. Mentiu sobre combater a corrupção e mente sobre obras de Lula e Dilma. Podem chamar de propaganda enganosa. No Código Penal é apropriação indébita (Art. 168)”, disse a presidenta do PT, Gleisi Hoffmann, em suas redes sociais.
O PT sempre foi a favor de que os governos dessem sequência às obras iniciadas pelas gestões passadas e – lógico – aprova a conclusão de obras inacabadas para beneficiar o país. Isso comprova, inclusive, a eficiência administrativa e de planejamento dos governos petistas que pensaram, debateram e elaboraram os projetos.
Apropriação indébita
O problema é que Bolsonaro repete na Presidência da República a prática comprovada em seus 28 anos de mandato parlamentar, em que apresentou apenas 2 projetos. Ou seja, não fez nada até hoje, mas comete apropriação indébita das obras planejadas pelos governos Lula e Dilma e as inaugura como se fossem realizações do seu governo.
Bolsonaro age como o chupim, fazendo de conta que as obras são iniciativa de seu governo. Com vários nomes diferentes, o chupim é um pássaro conhecido por colocar seus ovos nos ninhos de outras espécies de aves. No popular, é aquela pessoa que se beneficia dos feitos dos outros. Falso, esperto.
Sem a mínima preocupação com a pandemia do Coronavírus que já provocou quase 120 mortes no país, Bolsonaro tem viajado pelo país e provocado aglomerações entre seus apoiadores para inaugurar essas obras, mas que tem o carimbo do PT.
Exemplos de apropriação indébita de obras por parte do chefe de governo vão desde a entrega de trecho da transposição do Rio São Francisco, onde ele posou para fotos e vídeos como se fosse o dono da ideia da obra de recuperação da BR 163, Cuiabá-Santarém, que ele “inaugurou” no dia 14 de agosto. Lá, o que ele teria inaugurado realmente foi apenas um trecho de 7% da rodovia, sendo que os governos Lula e Dilma executaram a maior parte dos serviços de recuperação.