Enquanto o Brasil se livrou de Bolsonaro e do pior governo da história desse país, a Argentina preferiu seguir o caminho inverso e elegeu o ultraliberal Javier Milei, confesso admirador do ex-presidente brasileiro e de Donald Trump. O resultado, é claro, não poderia ser bom para o povo, levando o país vizinho a entrar com os dois pés em uma das maiores crises sociais e econômicas das últimas décadas. De acordo com dados do Observatório da Dívida Social Argentina (ODSA-UCA), a pobreza atinge 52% da população no primeiro semestre de 2024, enquanto a indigência alcança 17,9%. É um cenário desolador para milhões de argentinos.
As políticas de austeridade e os cortes em investimentos sociais promovidos por Milei têm devastado o tecido social argentino, resultando em um drástico aumento da pobreza e da indigência. Seu modelo econômico, muito semelhante ao adotado pelos lamentáveis Paulo Guedes e Jair Bolsonaro, promoveu cortes brutais em áreas essenciais como educação, saúde e infraestrutura.
Os impactos dessas medidas são cada vez mais evidentes, com a população sofrendo as consequências de uma economia em colapso e de uma gestão que prioriza o mercado sobre o bem-estar social. Além disso, especialistas alertam que a crise energética pode agravar ainda mais a situação, com previsões de apagões no próximo verão, aumentando a sensação de insegurança e precariedade.
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O pesadelo neoliberal
Após quase dez meses no poder, o governo Milei enfrenta uma crescente onda de insatisfação popular. Pela primeira vez, seu índice de desaprovação atingiu 50%. O impacto das políticas neoliberais tem sido devastador para os mais vulneráveis e a população começa a demonstrar impaciência. Segundo Augustín Salvia, diretor da ODSA, o aumento da pobreza e da indigência é impulsionado por baixos salários no mercado formal e o corte de vagas no setor informal.
O ajuste fiscal e a eliminação de programas de proteção social deixam o país à beira de um colapso social. Os números são alarmantes: a pobreza subiu de 41,7% no final de 2023 para 52% no primeiro semestre de 2024. Além disso, milhões de argentinos não possuem renda suficiente para garantir o mínimo necessário para a subsistência e a cesta básica atingiu um custo exorbitante. É a descrição perfeita do pesadelo neoliberal, que beneficia os mais ricos e penaliza a imensa maioria dos cidadãos.
Contraste com o Brasil
Enquanto a Argentina afunda cada vez mais na crise, o Brasil, sob o comando do governo progressista de Lula, segue em outra direção. Por aqui, o emprego formal tem crescido de forma consistente, impulsionado por políticas sociais e públicas voltadas para a recuperação econômica e o fortalecimento do mercado interno, que podem levar o PIB brasileiro a ser um dos maiores do mundo em 2024.
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A crise argentina serve de alerta para a América Latina e o mundo sobre os perigos de adotar um modelo econômico que dá as costas para o povo, especialmente os mais humildes. Milei, no entanto, permanece firme em seu discurso de que sua gestão está “colocando a Argentina no topo do mundo”, ignorando a realidade enfrentada por milhões de compatriotas que sofrem com a falta de recursos básicos e o aumento da pobreza extrema. É exatamente o mesmo filme que vimos por aqui durante a gestão Bolsonaro/Guedes.
Perda de apoio popular
À medida que a crise se aprofunda, o governo Milei enfrenta desafios cada vez maiores para manter o apoio popular. A insatisfação generalizada com o desemprego, a inflação galopante e a deterioração dos serviços públicos está criando uma grande insatisfação. A promessa de um “déficit zero” e a redução do papel do Estado não têm trazido os benefícios prometidos, e o custo social dessas políticas está se tornando insustentável.
Se a tendência continuar, e nada indica o contrário, a Argentina poderá enfrentar uma nova onda de instabilidade política e social, com consequências imprevisíveis. O modelo neoliberal de Milei, aplaudido pela extrema-direita global, já demonstrou seus limites ao impor sacrifícios desproporcionais às camadas mais vulneráveis da sociedade. E agora ameaça mergulhar a Argentina em um colapso econômico ainda maior, tornando urgente uma mudança de rumo.