Paim: a questão é covardemente política, sendo usada como cavalo de batalha de ambições individuais, e não no interesse do povo brasileiroO senador Paulo Paim (PT-RS) enfatizou, nesta quinta-feira (14), em plenário, que é inconsistente a argumentação utilizada por aqueles que defendem o impeachment da presidenta Dilma Rousseff por conta da aplicação das chamadas pedaladas fiscais. O senador explicou que a medida foi utilizada por inúmeros governos, inclusive nas duas gestões anteriores à do presidente Lula, ou seja, do PSDB. Além disso, a maioria dos governadores e prefeitos atualmente as utiliza. “Juridicamente, essa proposta cai como castelo de cartas”, disse, se referindo ao processo em andamento na Câmara dos Deputados.
“A questão é covardemente política, sendo usada como cavalo de batalha de ambições individuais, e não no interesse do povo brasileiro. Lembro a todos, na fase mais popular da Revolução Francesa, ocorreram violentos processos políticos com manipulação de julgamentos, expurgos e cabeças cortadas na guilhotina”, disse o senador.
De acordo com Paim, o que se busca com o impedimento da presidenta, “é simplesmente a tomada do poder”. “Grande parte desses partidos e grupos atocaiados que querem o afastamento da presidenta Dilma, até pouquíssimo tempo, estavam desfrutando, para não dizer mamando, alegremente nas tetas do Executivo usufruindo dos corredores e vielas ministeriais”, destacou.
O senador ainda disse que não se pode misturar os diversos processos em andamento, como o julgamento das pedaladas fiscais e a operação Lava Jato. Para ele, se o problema está aí, então que se apure, que se prenda, que venham CPIs e que, se for o caso, discutam proposta para hoje e para o futuro.
“O que não pode é usar e querer misturar operação Lava Jato com pedalada. O País não suporta mais essa manipulação de fatos. Isso é uma questão de honestidade política”, disse. “Lugar de corrupto e de corruptor é na cadeia. O dinheiro que eles roubaram faz falta à saúde, à segurança pública, à educação das crianças e dos jovens; faz falta nas universidades, no saneamento básico, nas estradas, no escoamento da produção, no aumento do salário mínimo, no benefício dos aposentados, enfim, para os projetos sociais”, emendou.
Em aparte ao pronunciamento, o líder do PT no Senado, Paulo Rocha (PA) disse que é um erro dos partidos aliados, a tentativa de criminalização, não só de reforço ao golpe em curso, como a tentativa de criminalização do PT.
“Não somos criminosos, como disse a Liderança do PSDB, que perdeu para uma organização criminosa. Não somos corruptos, somos lutadores de um País que quer paz, queremos igualdade de oportunidade para todos”, disse.
Paulo Rocha também enfatizou que a presidenta Dilma não cometeu crime nenhum, portanto, “esse impeachment que está aí é golpe”. Esse processo, segundo ele, está aí apenas para derrubar o poder político que está estabelecido por meio da democracia, mudar ou interromper os avanços que estão conquistados. “Pela aliança que se fez, o possível governo que virá também será um governo entreguista, querem entregar as nossas riquezas, principalmente o pré-sal. Por isso, temos que estar atentos, aqueles democratas que estão aqui no Parlamento têm que ter essa responsabilidade”, destacou.
Paulo Rocha ainda disse que o PT, durante o processo de redemocratização do País, foi um dos grupos que ocupou as ruas em busca da conquista do direito ao voto e o direito à liberdade.
“Fomos nós, Paim, que, quando chegamos ao Congresso Nacional, criamos e aprovamos leis importantes para a dignidade e para a cidadania do nosso povo. Fui eu, com a experiência da luta pela terra lá no Pará, que consegui aprovar a lei do combate ao trabalho escravo. E agora, recentemente, com a nossa presença no Parlamento, aprovamos a lei das trabalhadoras domésticas. Esses são os nossos avanços e as nossas conquistas”, destacou.
As conquistas obtidas durante os governos do presidente Lula e da presidenta Dilma, segundo ele, estão colocadas em xeque, através “desse impeachment, que, todo mundo sabe, só é legal se houver crime”, concluiu.
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