Articulada por Odair Cunha, sessão secreta interroga Andréa Aprígio

A ex-mulher de Carlos Cachoeira, Andréa Aprígio, deixou a sessão secreta da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Cachoeira nesta quarta-feira (08/08) diferente de quando chegou. “Ela entrou como testemunha e saiu como investigada” disse o relator, Odair Cunha (PT-MG), após a sessão secreta que foi realizada assim que ele percebeu a intenção da depoente de silenciar a novas perguntas.

Para o relator, embora Andréa tenha se recusado a responder às perguntas durante a sessão secreta, ficou evidenciado que os vínculos entre Cachoeira e Andréa vão além de laços familiares por conta dos filhos do casal. Eles envolvem ligações empresariais. O deputado lembrou que o contraventor transferiu para ela R$ 1,9 milhão, a título de empréstimo, e que ela, apesar de estar na condição de ex-mulher, ainda mantém cartão de crédito comum com o bicheiro. Andréa, porém, valeu-se do seu direito de permanecer calada e não deu explicações para esses fatos. “O silêncio dela pode ter sido uma forma de assentir”, afirmou o relator.

Depois de Andréa, foi a vez do contador Rubmaier Ferreira de Carvalho, em nome de quem constam na Receita Federal registro várias empresas consideradas fantasmas no esquema do grupo de Cachoeira. Ele negouconhecer o contraventor ou alguém ligado a ele, mas admitiu que criou a empresa Brava Construções e a Veloso e Conceição. No entanto, disse que não fez a contabilidade de ambas, nem da Alberto e Pantoja. Ele insistiu, durante todo o depoimento, que alguém utilizou seu CPF para incluir seu nome como responsável contábil.

Rápido no gatilho
O raciocínio rápido do deputado Odair Cunha (PT-MG), relator da Comissão Parlamentar Mista que investiga a organização do contraventor Carlos Cachoeira, garantiu, na manhã desta terça-feira,  a segunda parte do depoimento, feito em sessão secreta, da ex-mulher do contraventor, Andrea Aprígio.  fez com que a plateia se movimentasse na sessão desta quarta-feira (08/08).  Ele surpreendeu a depoente e ex-mulher de Cachoeira, Andrea Aprígio e seu advogado ao lembrar um acordo feito logo no início dos trabalhos: são dispensadas as testemunhas que se recusam a falar. Mas se elas falarem, deverão ser inquiridas. Foi o que aconteceu com Andrea. Ela aproveitou os vinte minutos concedidos pelo presidente da CPMI, Vital do Rego (PMDB-PB) para se defender das acusações de que seria laranja do ex-marido e para apelar para o emocional dos parlamentares quando lembrou que os filhos estão abalados pela situação do pai, preso desde 29 de fevereiro. Andréa queria falar, mas não responder às perguntas. Disse que desconhecia a regra mencionada por Odair Cunha. Não bastou. Sem saída, a depoente concordou em ouvir todos os questionamentos em sessão secreta.

A sessão desta quarta-feira (08/08) da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI)  do Cachoeira prometia ser modorrenta  e tediosa como outras onde os depoentes se recusaram a falar .Um habeas corpus concedido pela ministra do Supremo Tribunal Federal Rosa Weber garantia à testemunha, Andréa Aprígio, ex-mulher do contraventor, o direito de permanecer calada. Esperava-se assim, uma já usual sessão onde o depoente apenas diz que se reservará o direito de permanecer calado para, em seguida ser dispensado. Nem os parlamentares acreditavam em qualquer coisa diferente. Tanto que o presidente Vital do Rego (PMDB-PB), ao abrir a sessão, perguntou à secretaria da Comissão se havia quórum. Havia. Mas também havia muitas cadeiras vazias e uma plateia sonolenta. E, ao anunciar que a testemunha tinha um habeas corpus declarou, em tom de desconsolo: é a mesma coisa de sempre”.

Exposição e apelo
Munida de um habeas corpus preventivo, para repetir o comportamento de depoentes anteriores que nada disseram aos parlamentares da Comissão Parlamentar Mista (CPMI) que investiga a organização criminosa de Carlos Augusto de Almeida Ramos, o Carlos Cachoeira, a ex-mulher do contraventor, Andrea Aprigio, surpreendeu. Depois da leitura de um documento preparado por seu advogado, para se defender de acusações publicadas desde que Cachoeira foi preso pela Polícia Federal, o relator, Odair Cunha (PT-MG), lembrou-a de que, como havia usado de seu direito de usar a palavra, agora precisava ouvir os questionamentos. Acuada, Andréa aceitou a proposta dos parlamentares. Ela deporia em sessão secreta, sem a presença da imprensa ou de assessores dos parlamentares.

A decisão de falar sob sigilo, na verdade, foi a única alternativa disponível para Andrea. Como usou da palavra, Andréa permitiu que o relator, Odair Cunha (PT-MG) fizesse as perguntas que ela não queria ouvir. Ela até poderia ficar calada. Mas precisava passar pelo questionamento. A mulher de Cachoeira disse que não sabia da regra. O relator respondeu: “pois agora a senhora está informada e eu farei as perguntas”.

Odair Cunha queria saber sobre a evolução de seu patrimônio e sobre empréstimo de R$ 1,9 milhão concedido a ela pelo contraventor. Sentindo-se pressionada pela obrigatoriedade de responder, queixou-se da exposição de seus filhos menores. “O crescimento de meu patrimônio é compatível com a minha renda”, disse. Assegurou ainda que nenhuma de suas empresas tem qualquer relação com quaisquer negócios ilícitos e que tudo foi investigado durante a Operação Monte Carlo.

Ao final, disse estar desconfortável com o que chamou de “exposição excessiva de minha imagem” e apelou para os parlamentares: “os senhores também têm família e alguns também têm filhos e por isso, gostaria que entendessem minha decisão de protegê-los”

Após insistir que não queria responder a pergunta alguma apenas respondeu: “se eu soubesse que seria submetida a questionamentos, não teria falado; eu apenas quis ser respeitosa com essa Comissão”.Pouco depois, aceitou a única solução possível: a sessão secreta.

Giselle Chassot

 

Foto: André Corrêa

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