“Ataques a Lula extrapolam o que entendemos como política”, diz Viana

Tentativa de incriminar a todo e qualquer custo o ex-presidente transforma matéria da revista numa reportagem chocha e malfeita, afirma senadorOs mais recentes ataques da revista Época ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva demonstram que o Brasil está entrando em um caminho muito perigoso, no qual setores da imprensa usam o artifício de transformar suspeitas contra personagens que os desagradam em julgamentos e condenações, alertou o senador Jorge Viana (PT-AC), primeiro vice-presidente do Senado. Em pronunciamento da tribuna, nesta terça-feira (5), ele fez duras críticas à reportagem de capa da última edição da semanal, que usa um procedimento preliminar do Ministério Público para criminalizar palestras e contatos feitos pelo ex-presidente no exterior para dar sua condenação.

Para Viana, “a reportagem chocha e malfeita” foi produzida com o intuito de “destruir a biografia” do ex-presidente. Ele lembrou que a elite e seus veículos de comunicação moveram campanhas similares contra Getúlio Vargas e contra Juscelino Kubitschek. “Querem fazer o mesmo com Lula, só que os tempos são outros”, avaliou o senador. O mesmo espírito, afirma Viana, está presente na atuação de parlamentares que se revezam na tribuna “trazendo injustiça, calúnia e agressões” contra Lula e a presidenta Dilma Rousseff, numa postura que “extrapola muito o que deveríamos entender como política”. 

“A política brasileira é sangue puro hoje. Não aceitam o resultado de uma eleição; não  aceitam que um operário retirante, pau de arara, passando miséria no Nordeste, tenha virado um dos maiores líderes do País; que tenha assumido o governo e  tenha ajudado a mudar o Brasil!”, disse. Viana acredita que a política pode ser feita sem ódio e lembra que foi uma das vozes solidárias ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso quando este foi alvo de campanhas de desqualificação e difamação. “Será que é justo agora querer acusar o presidente Lula de lobista? Ele tem feito palestras, como sempre fez FHC”, frisou. Por que FHC pode ganhar R$ 500 mil por palestra, viajar no avião do contratante e Lula não pode? Por que é operário? Por que é do PT?”, indagou.

A reportagem da Época foi desmentida por Lula, ponto por ponto, logo após a publicação. O texto diz que o Brasil estaria “exportando dinheiro e gerando empregos no exterior”, com mediação de Lula, quando o BNDES financia o trabalho de empresas brasileiras no exterior. “Quando o BNDES financia um projeto fora do Brasil, gera e financia emprego aqui dentro, pois o empréstimo está condicionado a isso. O serviço tem que ser contratado no Brasil, a mão de obra e o material têm que ser contratados no Brasil”, explicou.

O procedimento preliminar do Ministério Público, que sequer é uma investigação, foi vazado de maneira suspeitíssima, circunstância que o senador também considera irregular. “O que fica evidente, pela própria imprensa, é que existem pessoas ocupando funções importantes em instituições responsáveis por inquéritos e por apuração fazendo uso partidário-político, querendo dirigir uma investigação e agora apontam as baterias contra o presidente Lula”, criticou. 

“Lobby do bem”
Lula está no Acre nesta terça-feira (5), a convite do governador Tião Viana (PT), para participar da inauguração das instalações da Central de Atendimento Contax, serviço de telemarketing que inicia suas operações com dois mil empregados, cuja perspectiva é chegar a cinco mil postos de trabalho. Quando presidente, Lula apoiou a instalação do serviço no estado, contribuindo para a geração de postos de trabalho no setor de serviços em uma área que absorve principalmente a mão de obra dos mais jovens. “É esse o tipo de lobby que o presidente Lula faz, o lobby do bem”, enfatizou.

“Se formos justos, vamos dizer que o Nordeste e o Norte deste País são outros, depois do presidente Lula. Não é justo que transformem suas qualidades em defeitos. Isso tem que ter fim”.  Na quarta-feira (6), Lula e o presidente da Bolívia, Evo Morales, participarão de mais uma inauguração no Acre, dessa vez do mais moderno frigorífico de peixes da região Norte e Nordeste do Brasil, resultado de um investimento do estado do Acre em parceria com a iniciativa privada. “Vamos fazer uma grande homenagem ao presidente Lula, um desagravo, por conta das agressões que ele vem sofrendo nos últimos meses”, anunciou.

Desagravo e solidariedade
Em aparte, o senador Fernando Bezerra Coelho (PSB-PE) associou-se ao protesto de Viana e ao desagravo ao ex-presidente Lula e disse ter honra desse pernambucano teve o privilégio de governar o País por oito anos. O senador Coelho ainda lembrou a inauguração, na semana passada, da unidade industrial da Jeep em seu estado. “É Pernambuco fabricando carros, numa fábrica tida como a mais moderna planta de automóveis da atualidade e que foi instalado no estado dada a parceria do presidente Lula com o nosso ex-governador Eduardo Campos”, testemunhou o senador .

Fernando Bezerra Coelho afirmou, ainda que “Lula tem muitos méritos” e é “um amigo do povo de Pernambuco”, parceiro das grandes transformações operadas no estado. “Estaremos sempre aqui para fazer justiça ao seu trabalho e um contraponto às acusações infundadas, às críticas ácidas, exageradas que se dirigem a esse brasileiro que foi capaz de liderar o Brasil e de fazer um trabalho de inclusão social que deu oportunidade a milhões de brasileiros de ter comida na mesa, emprego e salário”, disse o senador.

“Ignorância e má vontade”
Também em aparte a Viana, Lindbergh Farias (PT-RJ) destacou que a matéria da revista Época trata como fato consumado e provado o que é mero objeto de um procedimento preliminar. Para o senador, tentar criminalizar qualquer ação de ex-presidentes em favor da produção nacional é “fruto da ignorância” e lembrou que no mundo inteiro ex-presidentes viajam exatamente para fazer a defesa das empresas do seu País.

Além disso, ressaltou Lindbergh, os financiamentos do BNDES estão condicionados à geração de empregos no Brasil. Quando uma empresa brasileira recebe um empréstimo para participar de um empreendimento no exterior, sua produção tem que ser feita aqui no País. “A ignorância e a má vontade estiveram presentes nesse episódio. Mas, com certeza, isso não vai abalar o nosso presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que já teve um grande papel neste País e ainda vai ter um grande papel nesse nosso Brasil”, ressaltou Lindbergh.

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