Alessandro Dantas

Gráfico mostra o crescimento das fraudes no governo passado
Conforme avançam os trabalhos da CPMI do INSS, vai ficando claro que o governo Lula agiu para barrar as fraudes contra aposentados e pensionistas. Ao mesmo tempo, se confirma que as portas para a criação de entidades fantasmas foram abertas por Bolsonaro. Na reunião desta quinta-feira, foi ouvida Eliane Viegas, diretora de benefícios da CGU, que esteve à frente de auditorias que embasaram a decisão do governo Lula de suspender os descontos indevidos. O processo, que conta com a participação da Polícia Federal, foi além: mais de R$ 1 bilhão de reais foram devolvidos aos segurados do INSS e bens dos suspeitos foram bloqueados.
Atas de reuniões de órgãos de controle com o INSS, citadas por Eliane Viegas, comprovam que o governo Bolsonaro sabia das irregularidades. “Se pegarem as atas [verão as manifestações], não apenas da CGU, mas também do Ministério Público e da Defensoria Pública da União”, assegurou.
O líder do Governo no Senado, Rogério Carvalho (PT-SE), reforçou a informação, lembrando que apenas em 2023, durante o governo Lula, providências foram adotadas para fazer cessar a farra dos descontos irregulares.
“Fica aqui clara a disposição de um órgão que é do governo federal. Foi nesse governo que a investigação ganhou a força que estamos vendo aqui, com o fim dos descontos dos aposentados, que vai ter uma consequência firme em relação a quem facilitou, a quem se beneficiou com esses descontos indevidos”, frisou o senador. “Se de fato queremos fazer justiça, temos que olhar para o momento em que se tomou a providência definitiva, em que começou a investigação policial decorrente de uma auditoria consequente”, complementou.
O senador Randolfe Rodrigues (PT-AP) lembrou que o governo Bolsonaro tinha conhecimento de fraudes de R$ 70 milhões, sem que nada fosse feito. “Houve alguma ordem para que a CGU fizesse alguma auditoria?”, questionou. Randolfe também citou o crescimento espantoso no número de convênios de entidades fantasmas assinados entre 2021 e 2022.
Rogério Carvalho enfatizou a necessidade de que a CPMI se debruce também sobre os descontos em empréstimos consignados, que não era objetivo do requerimento de criação da comissão. “Esse é um problema que precisamos ir atrás. É preciso ter a responsabilidade de defender o interesse público. Quando um banco mete a mão no dinheiro de um aposentado, levando em consideração o grau de desinformação, a pouca habilidade com tecnologia, e passa um empréstimo com juros além do praticado pelo mercado, é um crime hediondo, porque está metendo a mão sobre aqueles que passaram a vida trabalhando”.