Mais de 100 mil pessoas ocuparam o Largo da Batata em São Paulo neste domingo (4), em um grande ato organizado por artistas, produtores culturais e grupos de carnaval, exigindo eleições Diretas Já e Fora Temer.
Participaram vários nomes da música brasileira, como Tulipa Ruiz, Rael, Maria Gadú, Otto, Edgard Scandurra, Pitty, Paulo Miklos, Criolo, Emicida, Mano Brown, Chico Cézar e outros. Entre uma canção e outra, os artistas falaram da importância de eleições diretas como única saída para superar a crise política de maneira democrática.
Gritos de “Fora Temer”, “Diretas Já” e “não acabou, tem que acabar, eu quero o fim da polícia militar” ecoaram pelo local entre uma apresentação e outra.
Alem dos artistas, também participaram do ato representantes de movimentos sociais, como o presidente da CUT de São Paulo, Douglas Izzo. Para ele, os brasileiros não podem deixar que este Congresso Nacional vote quem vai ser o presidente da República. “Esse Congresso não tem legitimidade para eleger presidente da República”.
Izzo relembrou ainda que as eleições diretas são juridicamente possíveis, com a votação de uma emenda constitucional que tramita no Senado. “É o povo quem vai definir quem vai ser o presidente da República”, afirmou.
Ele ainda lembrou que haverá nova greve geral, marcada para acontecer em junho. “Está tramitando no Congresso uma reforma trabalhista que vai retirar direitos dos trabalhadores. É por isso que as centrais sindicais amanhã estarão reunidas para definir uma data para a gente fazer ainda nesse mês de junho uma greve geral”.
“No Brasil tem classe operária, tem o Povo Sem Medo, tem a Frente Brasil Popular, essa companheirada de luta, e, nos 100 anos da primeira greve geral do Brasil, vamos fazer que nem 28 de abril, e vamos dizer para os parlamentares: não queremos e não vamos deixar retirar direitos dos trabalhadores”, concluiu o presidente da CUT.
A presidenta da UNE, Carina Vitral, também marcou presença. “Após mais de um ano de luta dos movimentos sociais, se unem a nós a classe artística, pessoas que dialogam com amplas camadas da nossa sociedade, emprestam um pouco do seu prestígio, um pouco da sua arte, para clamar pelas eleições diretas”.
“Atos como esse enchem meu coração de esperança de que vamos sair vitoriosos dessa batalha”, afirmou Vitral. Segundo ela, o golpe foi feito para implementar um programa de reforma que não foi eleito nas urnas.
O coordenador do MTST, Guilherme Boulos, também se dirigiu ao público para dizer que “as Diretas Já são legítimas, são necessárias e são possíveis”. Ele criticou quem afirma ser inconstitucional a realização de eleições e afirmou que a mobilização popular será um fator chave para viabilizá-las.
“Há quem diga que não tem caminho constitucional para diretas. Que não teria validade legal nossa proposta. Existe um caminho de uma PEC que já foi aprovada na CCJ do Senado. O próprio código eleitoral prevê diretas até 6 meses do fim do mandato”, afirmou Boulos.
“As Diretas Já são necessárias porque é o único caminho para derrotar o Temer e o projeto do Temer. Para barrar as reformas é só com diretas. Além de necessária e legítima, a Diretas Já é possível. Não acreditando nesse Congresso, mas acreditando no nosso poder de mobilização. Tornar Diretas Já é possível, é tomar as ruas desse país de norte a sul. É levantar a voz que estamos levantando hoje”.
A economista Laura Carvalho, do movimento Quero Prévias, disse que o brasileiro não pode deixar que “essa classe política” escolha quem governa o País. “A gente aprendeu nesse último ano que não dá para deixar essa classe política que não nos representa escolher quem nos governa, escolher o plano econômico que vai ser implementado no país”.
“Agora querem emplacar o lema do rouba, mas reforma. A gente quer votar, a gente quer escolher. A população brasileira não quer mais esse parlamentarismo de ocasião que se implementou no Brasil. Queremos uma democracia com mais participação, mais voz”.
Confira os principais momentos do ato:
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Pelo Brasil
Em Olinda também ocorreu um ato por Diretas Já neste domingo, com o nome “Não me Venha com Indiretas”. Organizado por artistas e produtores culturais, o evento teve início por volta das 14h com apresentações de artistas de rua, DJs e cantores pernambucanos como Cannibal e Lia de Itamaracá. O evento exigiu a saída de Michel Temer da presidência e a convocação de eleições diretas.
Também ocorreu no bairro de Madureira, no Rio de Janeiro, o ato Subúrbios Pelas Diretas Já. As deputadas Benedita da Silva (PT-RJ) e Jandira Feghali (PCdoB-RJ) estiveram presentes e apoiaram o movimento.
No dia 28 de maio, um grande ato foi organizado na cidade do Rio de Janeiro, reunindo cerca de 150 mil pessoas e dezenas de artistas, intelectuais, parlamentares e lideranças sindicais, com shows de Caetano Veloso, Mano Brown, Milton Nascimento, Mart’nália, Teresa Cristina, Cordão da Bola Preta, BNegão dentre outros.
Vários artistas estiveram presentes no ato. Em todas as apresentações, os músicos pediram “ Fora Temer” e chegaram a adaptar as letras das músicas para encaixar o grito de “Diretas Já”. Otto e Mart`nalia, por exemplo, levaram o público ao delírio quando mudaram as letras de alguns sambas e substituíram por “Fora Temer”.