A medida seguramente reflete sinal de desespero (mais um), e reafirma o uso de subterfúgios para esconder a falta de propostas concretas e o distanciamento do eleitor. Esta é a impressão que transmite a iniciativa do PSDB de acionar a presidenta da República Dilma Rousseff no Tribunal Superior Tribunal (TSE), pedindo “punição com o máximo rigor” pela convocação da rede de rádio e tevê na noite da última sexta-feira (06/09).
Para o principal partido de oposição, trata-se de uma “acintosa ferramenta eleitoral”, mesma definição que os tucanos aplicaram ao se colocar contra o Programa Mais Médicos, o Programa Minha Casa Minha Vida, o Brasil Sem Miséria, contra a redução da tarifa de energia elétrica – enfim, com todas as medidas do governo federal que deram certo e encontraram respaldo popular.
Ir contra o pronunciamento do presidente da República na data mais importante do Brasil é ir também contra a história. Desde antes do nascimento dos meios de comunicação de massa, o Dia da Pátria é esperado pelos governantes para uma prestação de contas à população. Deve-se ao 7 de Setembro, por exemplo, os famosos discursos de Getúlio Vargas nos estádios de futebol que, à época, era um dos meios mais eficientes de divulgação pela capacidade de aglomerar pessoas.
Ao anunciar que vai acionar judicialmente a presidenta, o PSDB esquece-se que a hora do jantar da véspera do Dia da Independência é marcada pelo discurso do ocupante da Presidência da República desde que rádios e televisores transformaram-se em eletrodomésticos.
O não reconhecimento da importância desse dia traz um risco ainda maior para os tucanos: o de passar a impressão que desconhece que o Brasil é independente desde 1822.
Mas as razões para o destempero são outros – os percentuais da mais recente pesquisa CNT/Ibope, divulgada na última segunda-feira (09/09).
São dois os números a confundir juízos na oposição. O primeiro deles registra que a aprovação dos entrevistados para o desempenho pessoal de Dilma na Presidência cresceu de 49,3% para 58% dos entrevistados. O segundo, talvez o que mais incomode, mostra que 36,4% dos entrevistados declararam intenção de votar em Dilma nas eleições do ano que vem, enquanto o pré-candidato tucano, Aécio Neves, aparece com 15,2%, atrás da ex-senadora Marina Silva, com 22,4%.
Ambas as altas incomodam porque indicam franca recuperação dos índices de aprovação da presidenta depois o baque que todos os governantes tomaram durante as manifestações de junho.
O texto raivoso da representação contra Dilma éraivoso. Diz que, “desrespeitando o cargo que ocupa, transformou o espaço republicano de rede nacional de rádio e TV, em acintosa ferramenta eleitoral”.
Cego de ressentimentos, finge não ver os resultados de recuperação da presidenta em todas as campanhas, com a falsa afirmação de que “é sabido que a popularidade da Presidente da República, como futura candidata à reeleição, sofre duro golpe no presente ano, especialmente após as recentes manifestações que tomaram as ruas das cidades brasileiras”.
O TSE deve arquivar a representação tucana; suas alegações são fantasmagóricas.
Alceu Nader