Os 252 homens mais ricos do mundo concentram mais dinheiro que todas as mulheres e meninas da África, América Latina e Caribe, juntas. Estamos falando de 1 bilhão de pessoas cuja “riqueza” não alcança o que aqueles bilionários acumularam. Mas a pandemia ensinou que o que é injusto e absurdo pode piorar. Desde que a Covid-19 varou a humanidade, há quase dois anos, o patrimônio dos 10 homens mais ricos do planeta dobrou, e um novo bilionário surgiu a cada 26 horas. No Brasil, foram 10 novos donos de bilhões desde março de 2020. Enquanto isso, a renda de 99% da população mundial decaiu, 160 milhões de pessoas foram empurradas para a pobreza. Esses e outros dados estão em relatório inédito da Oxfam, divulgado nesta semana.
O documento “A Desigualdade Mata”, da organização social criada há 80 anos e que atua por meio de rede em todos os continentes, foi lançado às vésperas de encontro virtual do Fórum Econômico Mundial de Davos, que ocorre em substituição ao evento presencial anual, adiado por conta da proliferação da variante ômicron. O debate, por teleconferência, dos empresários e líderes mundiais tem como tema o estado do planeta e seus desafios para 2022.
O relatório da Oxfam faz um atalho e mostra que o custo da crescente desigualdade no mundo é pago em vidas humanas: pelo menos uma pessoa morre a cada quatro segundos por efeitos da miséria. Para se ter uma ideia, relatou a diretora-executiva da Oxfam Brasil, Katia Maia, os 10 homens mais ricos do mundo “têm, hoje, seis vezes mais riqueza do que os 3,1 bilhões mais pobres”. O estudo conclui que “as crescentes desigualdades econômicas, de gênero e raciais, assim como as desigualdades que existem entre os países, estão destruindo nosso mundo”.
Para o senador Rogério Carvalho (PT-SE), os dados comprovam a falência moral do neoliberalismo, “um sistema excludente, que amplia a desigualdade e que empurra poucos para a riqueza e milhares para a miséria e para a fome”. Esse é o motivo, enxerga o senador, pelo qual muitos países “têm repensado o papel do Estado como agente fundamental para induzir o desenvolvimento, gerar empregos e enfrentar a desigualdade, como é o caso do Plano Biden e a Nova Geração da Comunidade Europeia”. Rogério Carvalho avalia que o Brasil terá que passar pelo mesmo processo.
– A reconstrução do Brasil, depois da catástrofe dos desgovernos Temer e Bolsonaro, passa pelo fortalecimento do papel do Estado e da democracia, da superação de marcos fiscais obsoletos e fracassados, como o teto de gastos, da taxação dos super ricos, do avanço de uma reforma tributária justa, solidária e sustentável e com soberania, respeito e projeção internacional. Precisamos de um governo generoso e com compromisso social e fiscal, que coloque o enfrentamento da fome e das desigualdades e a geração de empregos no centro da pauta estratégica do país – acrescenta o senador.