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Aumento da taxa de juros aponta para o pior dos mundos

O aumento da taxa Selic significa uma forte restrição à recuperação da economia, alvejada pela trágica combinação de desemprego, queda da renda, inflação e juros altos”, destaca o economista Bruno Moretti
Aumento da taxa de juros aponta para o pior dos mundos

Foto: Agência PT

O Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central subiu a taxa básica de juros da economia (Selic) em um ponto percentual, de 5,25% para 6,25% ao ano. Com o aumento anunciado nesta quarta-feira, 22, a taxa de juros atinge seu maior patamar desde julho de 2019, quando a Selic estava em 6,5% ao ano. A decisão do BC foi pautada pela “necessidade de controlar os preços, que acumulam um aumento de 9,68% nos últimos 12 meses. A meta do BC ara o IPCA é de 3,75%.

“O aumento da taxa Selic em um ponto percentual aponta o pior dos mundos para a economia nacional”, alerta o economista Bruno Moretti, da Assessoria Técnica do Partido dos Trabalhadores no Senado Federal. “O novo aumento da taxa de juros significa uma forte restrição à recuperação da economia pós-pandemia, alvejada pela trágica combinação de desemprego, queda do poder de compra, inflação alta e juros altos“, destaca Moretti. Por conta disso, economistas têm alertado para o risco da economia brasileira mergulhar na estagflação.

De um lado, o Banco Central sobe a taxa de juros, de outro o desemprego derruba a renda dos trabalhadores e das famílias. O número de pessoas recebendo menos ou até um salário mínimo mensal chegou a 30,2 milhões, recorde desde 2012, quando o IBGE iniciou a pesquisa. “Os resultados mais recentes da Pnad Contínua mostram que o primeiro trimestre de 2021 apresentou uma queda de 2,2% dos rendimentos efetivos. Em meio a esse quadro, os preços dos combustíveis e dos alimentos explodem atingindo particularmente os mais pobres.

Diante da queda da produção, do desemprego e da renda, a inflação de oferta, no entanto, tem razões que vão além de razões cambiais, como alegam o governo e economistas chapa branca. “A sucessão erros do governo de Bolsonaro e de Paulo Guedes acumula desastres na dolarização dos preços dos combustíveis, na má gestão da política energética, que ameaça o país com um novo apagão, e ainda na falta de uma política de segurança alimentar, com estoques de alimentos”, adverte Moretti.

A situação pode ainda se tornar mais explosiva diante dos desdobramentos locais de uma crise mundial, causada por diversos motivos. A desaceleração da economia chinesa pode causar profundos solavancos para o país, que tem na China fonte de mais de 60% de suas exportações. “O aumento dos preços e a desaceleração do crescimento são uma ameaça real”, alerta o jornal The Guardian, nesta quarta-feira, 22. A crise da cadeia de abastecimento global pode alimentar uma dose severa de estagflação, afirma o jornal.

A destruição da produção causada pelo governo de Jair Bolsonaro exige medidas mais amplas, profundas e estruturais. Em recente entrevista, o ex-presidente Lula defendeu que o Brasil deve voltar a estimular a economia, combater a concentração de renda e apostar na educação, na ciência e na tecnologia como caminho de desenvolvimento. “Se a gente quer realmente consertar o Brasil, não podemos continuar sendo um país concentrador de renda. É preciso entender que, quando todo mundo está bem de vida, todo mundo ganha”, defendeu Lula.

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