Desindustrialização

Baixa demanda acompanha queda da produção industrial

A queda da demanda por bens de capital significa que as empresas estão reduzindo a capacidade produtiva total por não enxergarem melhora no curto prazo
Baixa demanda acompanha queda da produção industrial

Foto: Agência PT

Se a produção industrial sequer recuperou o patamar pré-pandemia, a demanda por bens industriais, adquiridos para a produção de outros bens, também está em baixa. Com economia estagnada, inflação persistente, desemprego elevado e juros cada vez mais altos, o Indicador Mensal de Consumo Aparente de Bens Industriais, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), registra queda de 1,1% entre maio e junho.

Os números do setor – nada “fantásticos”, como mentiu Jair Bolsonaro na sabatina do Jornal Nacional – demonstram que, pelo contrário, a atividade industrial continua estagnada. Apesar dos bilhões de reais despejados aleatória e eleitoreiramente na economia nas últimas semanas.

Conforme o levantamento do Ipea, enquanto a produção interna destinada ao mercado nacional (bens nacionais) recuou 0,9% em junho, as importações de bens industriais cederam 2,7%. Na comparação interanual, a demanda interna permanece estagnada, com variação de 0,1% ante junho de 2021.

Na variação acumulada em doze meses, a demanda cedeu 1,2%. Já as importações de bens industriais, pagas em dólar, cresceram 11,9%, pressionando os custos dos fabricantes e contratando inflação futura para o consumidor.

Com relação às classes de produção, a demanda interna por bens da indústria de transformação, que concentra 93% do faturamento e 97% dos empregos do setor, também recuou, registrando queda de 1,8% sobre maio. A extrativa mineral, que representa apenas 7% do faturamento e 2,5% dos empregos, cresceu 1,5%.

A tendência se alastra entre os grandes grupos econômicos, com exceção da demanda por bens de consumo duráveis (como veículos). Os destaques negativos ficaram por conta dos segmentos de bens de capital (maquinários) e de intermediários (matérias-primas e bens manufaturados), que recuaram 4% e 2,4% sobre maio.

A queda da demanda por bens de capital, aqueles utilizados para realizar investimentos, significa que as empresas estão reduzindo a capacidade produtiva total por não enxergarem melhora no curto prazo. O desarranjo completo da economia, com “fantásticos” 63 milhões de pessoas inadimplentes ou negativadas, travando o consumo em conjunto com a política de juros sufocantes do Banco Central, inibiu de vez os investimentos da indústria e derrubou a produção do setor.

A Pesquisa Industrial Mensal (PIM), divulgada no início do mês pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apontou queda de 0,4% da produção na passagem de maio para junho, após quatro meses de pífios resultados positivos. No primeiro semestre, o setor acumula queda de 2,2%, enquanto em 12 meses o tombo é de 2,8%.

“O comportamento da atividade industrial tem sido marcado por paralisações das plantas industriais, reduções de jornada de trabalho e concessão de férias coletivas”, afirmou o gerente da pesquisa, André Macedo, ao divulgar os resultados.

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