Os senadores petistas que se reuniram por cerca de três horas com a presidenta Dilma Rousseff, nesta quinta-feira (8), saíram satisfeitos do encontro. Alguns deles fizeram o percurso entre o Palácio do Planalto e o Congresso Nacional a pé, segundo relatou o vice-presidente da Casa, Jorge Viana (AC).
Os parlamentares presentes ao encontro se revezaram no plenário da Casa para contar que a presidenta nunca esteve tão receptiva e aberta ao diálogo com a base governista. Eles ressaltaram a necessidade de manter abertos os canais de comunicação entre Legislativo e Executivo e mencionaram alguns problemas específicos e arestas a serem aparadas, como a questão do financiamento da saúde, a tramitação de medidas provisórias e o diálogo constante com a base governista. O PT quer manter esta aproximação.
O “otimismo realista” demonstrado por Dilma com o desempenho da economia brasileira também chamou a atenção da Bancada do PT. Ao se dizer feliz com queda nos preços da cesta básica e, consequentemente, com a redução da inflação, a presidenta afirmou que o PIB brasileiro vai crescer mais do que a previsão dos analistas do mercado financeiro. “Ela acredita que o papel dela é trabalhar pelo Brasil, pensando no País não só para 2014”, disse o líder do partido, senador Wellington Dias (PI).
Veja os principais relatos feitos pelos senadores do PT:
Wellington Dias (PI) – Ao comentar sobre o encontro, o senador destacou o início de uma nova relação da Presidenta com os partidos, com os líderes, com os governadores, com os prefeitos, com os movimentos sociais. Ele ainda ressaltou a dedicação de Dilma em gerenciar programas, na primeira etapa de seu mandato. “E ela assumiu a responsabilidade de lidar, de modo muito forte, com esses programas”.
Wellington ainda contou que a presidenta relatou a aprovação de medidas importantes no Congresso e que puderem fazer o País avançar. Além das ações de infraestrutura, o senador revelou a preocupação da presidenta com a destinação dos royalties do petróleo para educação e saúde, sem prejudicar a poupança que virá a partir do Fundo Social.
Ângela Portela (RR) – A senadora informou que Dilma aceitou o convite para vir ao Congresso Nacional e receber o relatório final da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito, que investigou a Violência contra a Mulher, elaborado pela senador Ana Rita (PT-ES). “Na próxima semana, em função das comemorações dos sete anos da Lei Maria da Penha, apresentar à Presidenta Dilma um relatório de tudo que ocorreu nessa CPMI, em que se teve um diagnóstico da omissão do Poder Público no combate à violência contra a mulher”, disse Portela.
O relatório da CPMI foi aprovado por unanimidade em 4 de julho. O texto, de 1.050 páginas, apresenta um diagnóstico sobre o tema e aponta 68 encaminhamentos para instituições em todas as esferas. “Fiquei muito satisfeita de ver a disposição da presidente Dilma de se somar à bancada feminina da Câmara e do Senado para receber esse relatório que, sem dúvida nenhuma, vai a partir desse momento desencadear ações concretas entre Estado, municípios, Poder Legislativo, Judiciário e Executivo”, afirmou Ângela.
Eduardo Suplicy (SP) – “Relatamos o quanto queremos ajudá-la no máximo de nossas energias para que ela seja reeleita e como será positivo que o Governo tenha uma interação ainda maior e melhor com todos nós senadores da própria bancada do PT, mas, também com os 81 senadores”, ressaltou Suplicy que também mostrou confiança na expectativa de manter o diálogo dos senadores com os ministros.
Suplicy também encaminhou à presidenta uma carta com sugestões para que o Governo Federal crie um grupo de trabalho para estudar uma forma de transição do atual Programa Bolsa Família para a Renda Básica de Cidadania.
Humberto Costa (PE) – Relator da comissão do Senado que busca novas receitas para a saúde pública, o ex-ministro da Saúde, disse que Dilma defende uma espécie de encontro de contas entre as necessidades do setor e fontes seguras e definitivas de financiamento. Ele se mostrou otimista com a visão positiva da presidenta em relação às ações de Governo e aos novos e bons resultados da economia. Humberto comemorou a disposição da presidenta para o diálogo, mas deixou claro que é preciso que novos encontros aconteçam e que essa comunicação entre Executivo e Legislativo seja frequente. “O mais importante é que está aberto o diálogo” ,resumiu.
Jorge Viana (AC) – Segundo o senador, a reunião foi absolutamente positiva. Depois de ouvir sugestões e críticas dos senadores e se comprometer a se empenhar para resolver os problemas levantados, Dilma falou sobre sua confiança no País. “Confesso que nunca tínhamos tido uma conversa tão boa, tão positiva, tão comprometida com o País como tivemos hoje”, resumiu. Viana ainda contou o otimismo da presidenta Dilma com a economia brasileira. “Num otimismo realista, a presidenta Dilma disse que o Brasil vai crescer mais do que os analistas estão prevendo”, acrescentou.
Para ele, a conversa permitiu uma aproximação que sempre foi reivindicada pela base governista. “Nós todos colocamos as nossas preocupações, o nosso desejo de poder fazer mais com o mandato que o povo nos delegou, mas sem fazer alguns ajustes na comunicação, no diálogo com os Ministros, nós não vamos conseguir e vamos até nos sentir pouco produtivos aqui”, afirmou.
Paulo Paim (RS) – O senador relatou que conversou com a presidenta Dilma sobre a necessidade de encontrar um caminho para sobre do fator previdenciário. “Vamos dialogar para que encontremos o caminho, de bom senso, criando uma alternativa ao fator previdenciário”, disse. O fator previdenciário é usado no cálculo dos benefícios previdenciários dos trabalhadores, levando em conta o tempo de contribuição, a idade do segurado e a expectativa de vida. Criado em 1999, o instrumento tinha por finalidade desestimular aposentadorias precoces. “Ficamos muito animados e esperamos que, ainda este ano, construamos uma alternativa ao fator previdenciário, que prejudica milhões de trabalhadores que estão na expectativa da aposentadoria”, declarou.
Outro tema levantado por Paim foi sobre os pensionistas do Aerus. “Ela vai receber a comissão do Aerus que está em vigília aqui no Salão Verde da Casa. Fiz questão de informar aos companheiros do Aerus, que devem estar assistindo a sessão, que ela vai recebê-los”, informou. O senador afirmou que a presidente prometeu colaborar para “um acordo de bom senso, no qual todos saibam ceder”. O Aerus era um fundo de aposentadoria complementar das empresas aéreas Cruzeiro, Varig e Transbrasil, que faliu com a derrocada da Varig. Paim busca uma solução para os trabalhadores que aplicaram dinheiro no fundo e perderam suas economias.
Walter Pinheiro (BA) – Na avaliação do senador, o encontro foi importante para estreitar as relações e ajustar problemas. “Nós fizemos uma reunião, inclusive, para sugerir, para ajustar – é bom ajustar de vez em quando – debater os temas da sociedade e o nosso papel, e não para transformar a reunião em um verdadeiro muro de lamentações ou para entregar um rol de reivindicações”.