Pela primeira vez, um ministro do Supremo Tribunal Federal afirma o que o PT vem insistindo desde 2016: Dilma Rousseff foi retirada da Presidência da República por meio de um golpe parlamentar. Em artigo para a edição de estreia da revista do Centro Brasileiro de Relações Internacionais, o ministro Luiz Roberto Barroso disse que “o motivo real” para o impeachment de Dilma foi a falta de apoio político, não as chamadas “pedaladas fiscais”.
O senador Rogério Carvalho (PT-SE) reagiu: “Barroso revela o que o Brasil já tem conhecimento. Dilma foi tirada por meio de um golpe parlamentar. O objetivo sempre foi retirar os direitos dos trabalhadores, entregar nossas riquezas e, com a ajuda da Lava Jato, eleger um projeto antipovo”.
Segundo o ministro da Suprema Corte, “a justificativa formal [para a saída de Dilma] foram as denominadas ‘pedaladas fiscais’ —violação de normas orçamentárias—, embora o motivo real tenha sido a perda de sustentação política”. A revista da Cebri será lançada no dia 10. O ministro do STF disse, ainda, que o sucessor de Dilma, Michel Temer, foi alçado ao poder para “implementar agenda liberal” e foi blindado pelo Congresso diante das denúncias de casos de corrupção.
Em julho de 2021, Barroso já havia tratado do golpe. “Creio que não deve haver dúvida razoável de que ela [Dilma] não foi afastada por crimes de responsabilidade ou corrupção, mas, sim, foi afastada por perda de sustentação política. Até porque afastá-la por corrupção depois do que se seguiu seria uma ironia da história”, lembrou.
O atual presidente do Tribunal Superior Eleitoral fez a declaração durante abertura do “Simpósio Interdisciplinar sobre o Sistema Político Brasileiro & 11ª Jornada de Pesquisa e Extensão da Câmara dos Deputados”, evento organizado pelo Instituto de Matemática Pura e Aplicada (IMPA), o Economics and Politics Research Group (EPRG), a Universidade de Brasília (UnB) e a Câmara dos Deputados.