Além das medidas anunciadas ontem à noite pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, outra decisão importante de estímulo à economia interna – divulgada com importância secundária pela maioria dos jornais – consiste na liberação, pelo Banco Central (BC), de R$ 18 bilhões dos depósitos compulsórios. A liberação é dirigida especificamente para que os bancos ampliem suas operações de crédito para compra de automóveis e veículos comerciais. O objetivo da medida é facilitar a redução dos estoques das montadoras, que cresceram principalmente por causa do agravamento da crise europeia. Sem compradores internos, as montadoras da Europa não só reduziram suas encomendas no Brasil, como também passaram a disputar com maior agressividade os mercados que importam autos brasileiros. Na reunião, ficou acertado que a redução do compulsório será processada de forma gradual, atingindo sua integralidade em abril do ano que vem. Metade dos R$ 18 bilhões estimados, porém, será liberada até dia 22 de junho próximo.
A decisão de alterar os níveis de exigência para os compulsórios bancários foi tomada nesta segunda-feira (21), pela manhã, durante reunião entre o ministro da Fazenda, o presidente do BC, Alexandre Tombini, com diretores dos maiores bancos privados brasileiros e representantes da indústria automobilística. A divulgação das novas regras ocorreu apenas no início da noite, depois de reunião da diretoria do PC para aprovação dos termos da circular. A medida vale para financiamentos concedidos a partir de hoje e o montante liberado representa cerca de 10% do saldo total de crédito concedido a pessoas físicas nesse segmento.
A mudança não implica em liberação de recursos adicionais ao nível do que já estava previsto, em função da possibilidade de os bancos usarem dinheiro do compulsório sobre depósitos a prazo para socorrer bancos menores. O que o BC fez, ontem, foi permitir que os financiamentos de veículos a partir de hoje substituam os empréstimos interbancários (DI) no cumprimento do compulsório. O valor que as instituições podem abater da exigibilidade sobre depósitos a prazo continua limitado a 36%.
Hoje, os bancos só estão usando 25%, parte na forma de aplicações interbancárias (DI), parte na compra de carteiras de crédito e ainda em letras financeiras. A expectativa do BC é de que se chegue aos 36% em junho, quando 36% do compulsório deixarão de ser remunerados. A ampliação da faixa não remunerada, que vem sendo feita gradualmente, se completaria só em agosto. Mas o BC decidiu antecipar esse processo para junho justamente para acelerar a concessão de crédito para compra de veículos, disse Mendes.
(Com informações das agências e do jornal Valor Econômico)